Otan debaterá plano de treinamento para as forças iraquianas

O Conselho Atlântico da Otan debaterá na próxima quarta-feira o plano operacional da missão de treinamento das forças de segurança iraquianas, que se for aprovado deve estar em pleno funcionamento em janeiro, informaram nesta quarta-feira fontes da Aliança.

O primeiro-ministro iraquiano, Iyad Allawi, pediu semana passada à Otan que acelere seus planos, já que "o fator tempo é essencial" e qualquer outro atraso, "de horas ou dias, pode custar vidas".

Espera-se que o plano, de 150 páginas, receba o sinal verde dos embaixadores dos países aliados, que integram o Conselho Atlântico.

Se o plano for aprovado, a Otan ampliará sua pequena presença de 66 instrutores no Iraque, que por enquanto se limitam a treinar menos de cem oficiais no quartel-general iraquiano em Bagdá, disseram as fontes.

Grande parte do treinamento será realizado no futuro em uma academia militar iraquiana nos arredores da capital.

O Comitê Militar da Otan ainda deve determinar "as regras de enfrentamento" da missão, ou seja, em que circunstâncias deve atuar a força de proteção que acompanhará aos instrutores.

Segundo fontes diplomáticas, este assunto é motivo de divergências, já que os comandantes da Otan devem gozar de flexibilidade suficiente para não ficar de mãos atadas em caso de um ataque, mas "também não devem ter carta branca" porque não se trata de uma missão de combate.

Segundo as diretrizes políticas do plano, a Otan disporá de uma força de proteção própria que se ocupará de sua segurança imediata, enquanto a força multinacional dirigida pelos EUA estará encarregada da segurança do entorno.

Fontes diplomáticas informaram que a missão contará com 150 instrutores e mil efetivos de uma força de proteção, um contingente bem menor que o pedido pelo comandante supremo aliado para a Europa, o general James L. Jones, que falou de um máximo de três mil homens.

Jones também disse que o objetivo é instruir cerca de mil oficiais iraquianos por ano.

Os líderes dos 26 países da Otan determinaram em sua cúpula (em junho) que irão ajudar a preparar oficiais iraquianos a fim de permitir que o Iraque se encarregue de sua própria segurança o mais rápido possível.

Alguns países, entre eles Alemanha e França, que divergem dos EUA em relação à guerra do Iraque, comprometeram-se a oferecer esta preparação fora do país.

O coronel americano David Spasojevic, encarregado de coordenar o treinamento da Aliança no exterior, disse hoje à imprensa que seu grupo, formado por dez especialistas, está há um mês trabalhando.

O primeiro curso no exterior ocorreu na semana passada no centro da Otan de Stavanger (Noruega), e contou com 19 oficiais iraquianos, mas Spasojevic não quis revelar os futuros lugares "para não colocar em perigo as vidas dos oficiais".

Outros centros de treinamento mencionados no passado são a base da Aliança em Oberamergau (Alemanha), e o Colégio de Defesa da Otan, em Roma.