ONGs acusam Brasil de não garantir direito à alimentação

Duas organizações não-governamentais criticaram hoje, quarta-feira, em Genebra, os governos do Brasil e da Argentina por sua incapacidade de garantir o direito à alimentação dos setores mais desfavorecidos desses países, particularmente na zona rural.

Representantes da Fian Internacional e da Via Campesina apresentaram os resultados de missões conjuntas enviadas a ambos os países entre abril e junho deste ano, que revelam que o problema da fome está vinculado à ausência de reformas necessárias no setor agrário.

O relatório sobre o Brasil destaca que o governo não assentou as 115.000 famílias que havia prometido para este ano e assegura que até junho só 17.000 famílias foram atendidas.

As organizações indicam que milhares de famílias que foram desalojadas à força e que tiveram suas casas destruídas ainda não foram assentadas.

Também denunciam a "ausência de proteção legal dos trabalhadores rurais brasileiros devido à falta de autonomia e independência da judicatura frente aos grupos de poder local".

Os delegados da Fian Internacional e da Via Campesina assinalaram, além disso, os problemas que encontraram na distribuição dos subsídios outorgados às famílias rurais como parte do Programa "Fome Zero".

Além de considerar insuficientes as quantias entregues, afirmaram que o limite no número de famílias beneficiárias por município representam um problema, pois obrigam a deixar de fora do programa pessoas que realmente precisam de ajuda.