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Quarta - 10 de Novembro de 2004 às 08:23

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Em tempos de "reality-shows" e celebridades instantâneas, muita gente faz de tudo para colocar o rosto perfeito e o corpo siliconado na telinha e viver seus 15 minutos longe do anonimato.

Para muitos atores, no entanto, o reconhecimento repentino do público é apenas a conseqüência de um trabalho bem-sucedido. Algo do qual, mesmo que queiram, eles não conseguem se livrar. Aí, o jeito é aprender a lidar com os "revezes" da fama.

Jéssica Sodré, que vive a "mamãe" Lady Daiane em Senhora do Destino, é uma que ficou famosa, literalmente, da noite para o dia. "Moro em frente a uma escola primária. Um belo dia, as crianças descobriram minha casa e acordei com um monte delas berrando meu nome no portão", conta. A atriz, que passou a prestar mais atenção no modo como se comporta nas ruas. "Sempre fui muito palhaça, andava fazendo bagunça com meus amigos. Mas as pessoas não esperam que a gente aja naturalmente", lamenta.

Outro que já percebeu ser difícil continuar agindo naturalmente é Douglas Silva, o Acerola de Cidade dos Homens. O ator recebeu um pedido de autógrafo quando estava num ônibus, bem no momento em que precisava saltar. Para não perder o ponto, precisou ouvir um: "Ih, já ficou marrento!". "Continuo a mesma pessoa, mas ninguém acredita quando falo isso", indigna-se Douglas, que garante não ter mudado em nada seu estilo de vida depois de ficar conhecido.

Já Théo Becker, atualmente em A Escrava Isaura, da Record, admite que passou a ter mais cuidado com o próprio visual quando começou a carreira, como "paquito" da Xuxa. "Passei a comprar mais roupas, a andar sempre com alguma coisa nova", lembra.

A necessidade de "adequar" o visual à condição de "famoso" pode trazer despesas nem sempre condizentes com o salário de um iniciante. Mas com Daniel Zetel aconteceu exatamente o contrário. Ao viver o adolescente Carlinhos, em Mulheres Apaixonadas, o ator viu "chover na sua horta". "Ganhei roupa, cerveja, cigarro, entradas gratuitas em boates... Até mulher ficou mais fácil conquistar", gaba-se, no mesmo tom de seu personagem.

Bianca Rinaldi, protagonista de A Escrava Isaura, é outra que só vê vantagens no reconhecimento do público - mas por uma perspectiva exclusivamente profissional. "É um reconhecimento pelo trabalho que tenho feito. As pessoas são sempre sinceras e muito carinhosas", acredita a atriz, também alçada à fama pelo posto de "paquita" da Xuxa.

Nem todo mundo admite ficar preocupado com detalhes como roupa ou cabelo para ir até a padaria da esquina, mas a maioria reconhece que a fama traz mudanças de comportamento. Mel Lisboa, que ganhou reconhecimento nacional ao protagonizar a minissérie Presença de Anita, garante ter ficado mais reservada. "O ator é um observador. É estranho passar a ser o foco de observação, a gente se encolhe mais. Já me peguei várias vezes andando e olhando para o chão", constata a atriz, que está no elenco de Como Uma Onda, a próxima novela das seis.

Já Juliana Lohmann, a Teca de Começar de Novo, passou a cuidar mais das próprias atitudes desde que começou a ser reconhecida nas ruas. "Não posso me expor. Tenho de saber como me comportar, onde estar, com quem andar e, principalmente, o que falar", acredita.

Se a sensação de ficar famoso de um dia para outro já pega a grande maioria de surpresa, o susto é maior ainda para quem já estava "na estrada" há anos. É o caso de Guilherme Weber, que tinha 12 anos de palco com a reconhecida Sutil Companhia de Teatro quando viveu o vilão Tony, de Da Cor do Pecado. "É até irônico você ter tanto tempo de trabalho profissional ininterrupto e, em duas semanas, ser mais reconhecido que em sua vida inteira", constata o ator.

O mesmo aconteceu com Werner Schünemann, que fazia teatro e cinema há 20 anos, mas ficou nacionalmente conhecido como o Bento Gonçalves de A Casa das Sete Mulheres. "Às vezes, o assédio é um pouco excessivo, no sentido de ser violento, histérico. Mas não é de assustar", minimiza Werner, que interpreta o Anselmo de Começar de Novo.

Segunda Mão

Nem sempre o reconhecimento do público vem "de primeira". Há casos em que é o segundo ou terceiro personagem de um ator que o torna conhecido do público. Mesmo assim, a fama vem de repente, como se ele nunca tivesse "dado as caras" na telinha antes.

Leonardo Miggiorin trabalhou algum tempo na novelinha Flora Encantada, do Angel Mix, mas foi com o adolescente Zezinho, de Presença de Anita, que passou a ser reconhecido. "É engraçado, as pessoas passaram a se sentir no direito até de sentar na minha mesa no bar. É como se dissessem: 'Você entra na minha casa todo dia, como é que agora não me reconhece?'", diverte-se o ator, que vive o Shao Lin de Senhora do Destino.

Manoela do Monte, que estreou na tevê na minissérie A Casa das Sete Mulheres, só foi entender o que era o assédio do público ao protagonizar uma das fases de Malhação. "Todo mundo fala comigo como se me conhecesse e eu respondo da mesma maneira", ensina a intérprete de Branca das Neves, de Começar de Novo.

Outra que foi alçada à fama "repentina" é Tânia Kalil, que vive a Nalva em Senhora do Destino. Antes da passista, a atriz interpretou uma secretária em Sabor da Paixão. "Tenho levado o assédio na boa. Acho ótimo as pessoas reconhecerem meu trabalho", assegura.

Instantâneas

# Um dia, no ônibus, Jéssica Sodré ouviu de uma senhora que era muito parecida "com aquela menina da novela". Ao dizer que era "a própria" Lady Daiane, no entanto, acabou passando por mentirosa. "Ela não acreditou que eu estaria andando de ônibus", surpreende-se Jéssica.

# Depois que passou a trabalhar como ator, Théo Becker viu mudar completamente o assédio nas ruas. "Como paquito, as pessoas sentiam mais liberdade de dar em cima, passar a mão... Como ator, é bem mais sutil, às vezes a gente percebe só um olhar de admiração", compara.

# Bastante caracterizada como Isaura, Bianca Rinaldi tem se surpreendido ao ser reconhecida nas ruas por sua voz. "Muitos não me reconhecem, mas, quando abro a boca, já sabem que sou eu", ressalta.

# Para Mel Lisboa, quem tem realmente os pés no chão não se ilude com a fama repentina. "É do dia para a noite. Se você tem o mínimo de senso, não acredita naquilo de fato", opina.




Fonte: TV Press

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