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Internacional
Terça - 09 de Novembro de 2004 às 19:01

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A insegurança no Afeganistão, onde três funcionários da ONU estão seqüestrados há 12 dias, é um perigo para as próximas eleições legislativas e regionais, que podem sofrer fraudes e intimidações.

A afirmação foi feita hoje, terça-feira, pelo subsecretário da ONU para operações de manutenção da paz, o francês Jean-Marie Guéhenno, em sessão especial do Conselho de Segurança para analisar a situação do país.

No relatório, Guéhenno fez um rápido balanço das eleições presidenciais de 9 de outubro no Afeganistão, que consagraram Hamid Karzai. O subsecretário se mostrou relativamente satisfeito com o processo das eleições, preparadas pela ONU e pela comunidade internacional.

O diplomata afirmou que as queixas de irregularidades feitas por alguns candidatos não afetaram os resultados das eleições e destacou o alto índice de participação.

Segundo os dados divulgados, cerca de 8,13 milhões de afegãos (70% da população) votaram nas eleições, sendo 40% mulheres.

Guéhenno se mostrou especialmente satisfeito com o que considerou um alto grau de comprometimento dos afegãos com o processo democrático, independentemente do grupo étnico de origem, e a rejeição ao tráfico de drogas, extremismos e facções armadas.

O diplomata advertiu que o Conselho de Segurança não relaxe e pense que este tipo de eleição é "fácil". Há um grande número de ameaças feitas às próximas eleições parlamentares, provinciais e distritais, a serem realizadas entre abril e maio de 2005.

Uma delas é a forte insegurança no país, como mostra o seqüestro de três integrantes da equipe eleitoral da ONU - Annetta Flanigan, Shqipe Hebibi e Angelito Nayan - ocorrido no dia 28 de outubro.

A ação dos rebeldes, que poderiam imitar táticas da resistência no Iraque, está sendo investigada pelo governo afegão e pela comunidade internacional.

Além do problema da segurança, há a "pressão e a intimidação" que os chamados "comandantes locais" podem exercer sobre os eleitores, capazes de fraudar os resultados.

Também existe a pressão das complexas redes de traficantes de armas e drogas, e que têm uma capacidade de influência nas eleições regionais maior do que tiveram nas presidenciais.

"A ausência de uma administração civil de âmbito local eficiente continua sendo um sério obstáculo à realização de eleições parlamentares e locais legítimas", afirmou Guéhenno.

Para ele, um fator positivo é que o processo de desmobilização e reintegração das milícias armadas avançou através de um programa que permitiu o desarmamento de 22.000 ex-combatentes até agora.

O governo afegão tem a intenção de conseguir o desarmamento completo das milícias ligadas administrativamente ao Ministério da Defesa até 21 de março. O maior problema são as facções armadas que não estão submetidas à administração nem aos programas de desmobilização.

Outro campo de atuação para conseguir a eficácia plena das eleições é a luta contra a produção e o tráfico ilegal de drogas. Este é um fator de influência e corrupção, e uma ameaça crescente à construção democrática do país, segundo Guéhenno.

O Afeganistão também deve conseguir um maior deslocamento de forças de segurança no país, o que significa tanto a preparação e a formação da polícia profissional afegã quanto das forças da Otan e da comunidade internacional.




Fonte: EFE

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