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Terça - 09 de Novembro de 2004 às 18:21

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No panteão dos filmes favoritos de público de todos os tempos, Casablanca, se não é o número 1, com certeza está entre os dois ou três primeiros, ao lado de E o Vento Levou e O Poderoso Chefão.

Rodado em 1943, Casablanca foi considerado o primeiro na lista dos maiores filmes românticos de todos os tempos compilada recentemente pelo Instituto Americano de Cinema (American Film Institute - AFI) e o segundo (perdendo apenas para Cidadão Kane) na lista dos 100 maiores filmes americanos da história. Mesmo hoje, mais de 60 anos depois de estrear, sua popularidade não dá sinais de diminuir.

A data de hoje, 9 de novembro, é relevante porque marca o 80º aniversário da última integrante ainda viva do elenco desse filme clássico.

Trata-se de Joy Page, que fez o papel da linda noiva búlgara resgatada no início do filme por Rick (Humphrey Bogart). Este a ajuda a ganhar uma bolada na roleta do Rick's Café Americain, para que possa escapar das garras do lascivo Claude Rains e, assim, sair da cidade com seu marido (Helmut Dantine).

Page foi uma dos 14 integrantes do elenco a ter seu nome nos créditos do filme, que foi seu primeiro trabalho no cinema. Ela tinha 17 anos e acabara de completar o colegial quando as cenas de Casablanca ambientadas no Rick's Cafe começaram a ser rodadas no Palco 8 do estúdio da Warner Bros., no final de maio de 1942.

Ela ganhou o papel através de um processo curioso, considerando que era enteada do presidente da Warner Bros., Jack L. Warner (Page era filha da esposa de Warner, Ann, e do primeiro marido desta, o galã do cinema Don Alvarado).

De acordo com Gregorry Orr, filho de Joy Page, Jack Warner não gostava da idéia de que sua enteada virasse atriz. Ele não a incentivou a tomar esse rumo, nem abriu porta alguma para ela. Page tinha lido um primeiro esboço do roteiro que seu pai trouxera para casa, mas não tinha gostado (achou o roteiro "antiquado" e "repleto de clichês").

Mas ela queria ser atriz e, assim, começou a assistir às aulas de atuação da professora do estúdio da Warner Sophie Rosenstein.

Foi esta quem acabou sugerindo que Page fizesse um teste para o papel da noiva. Ela o fez, tanto diante do diretor de elenco do filme quanto do diretor de Casablanca, Michael Curtiz, e todos concordaram que ela seria ideal para o papel.

Sem contrato na Warner

A própria Joy Page já começara a interessar-se pelo filme porque ficara sabendo que Ingrid Bergman assinara contrato para trabalhar nele, "e, se Ingrid estava no filme, eu sabia que ele seria bom", raciocinou.

Num primeiro momento, ninguém teve coragem de sugerir a Jack Warner que sua enteada pudesse fazer parte do elenco. Mas, quando isso finalmente foi feito, Warner concordou a contragosto e Page fez o filme, causando uma impressão contundente com sua atuação.

Jack Warner achou que ela esteve ótima, mas negou-se a assinar um contrato de longo prazo ou a incluí-la no elenco de qualquer filme subsequente da Warner.

Ela acabou indo à MGM para representar um papel de destaque, o da filha de Ronald Colman, em Kismet (1944), de William Dieterle, com Marlene Dietrich.

Mais tarde, Joy Page atuou em Man-Eater of Kumaon (1948), da Universal, com o ator indiano Sabu, em Paixão de Toureiro (1951), de Budd Boetticher, e em Almas em Desespero (1955), de Jose Ferrer.

Page se casou com o ator Bill Orr, que mais tarde se tornaria executivo da Warner Bros. O casamento e a maternidade passaram a ocupar seu tempo, e ela se afastou das telas.

O tempo que Joy Page passou diante das câmeras pode não ter sido muito, mas o resultado de seu trabalho no Palco 8 da Warner Bros. fez dela uma parte bem-vista da história do cinema.




Fonte: Reuters

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