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Agronegócios
Terça - 09 de Novembro de 2004 às 09:15

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A agricultura sempre foi uma atividade de risco. As incertezas já começam com o clima, se irá ou não colaborar. O custo para produção também sempre foi o vilão para os produtores que nesta safra estão sofrendo com a alta dos insumos, agrotóxicos e fungicidas. Depois vem o fator principal, mercado. Saber se o preço do produto estará bom ou não na hora da venda é sempre uma incógnita para o produtor.

Os momentos de altos e baixos são constantes e para quem planta algodão a situação não é diferente. Mesmo sabendo que o momento não é bom e o prejuízo no final da colheita já é uma certeza, o produtor Orcival Gouvêa Guimarães -junto com um cunhado é um dos grandes produtores de Lucas do Rio Verde- disse que vai apostar na safra deste ano. Orcival que conta com uma grande infraestrutura que vai desde colheitadeiras até algodoeiras, disse que não pode deixar de cultivar a pluma. “Já temos toda uma infraestrutura, estamos com tudo pronto para o plantio, tudo comprado e deixar simplesmente de plantar não dá. Sabemos que teremos prejuízos nesta safra mas vamos arriscar assim mesmo”, assegurou.

Os prejuízos que Orcirval se refere deve-se ao fato de que “plantar está mais caro que vender”, ou seja, “o custo está acima da receita”. Segundo ele, hoje preços dos fertilizantes, insumos e agrotóxicos estão em média de 15% a 30% mais caros e o preço do algodão está em baixa. “Hoje estamos tirando do bolso para poder plantar, não está valendo a pena”, assegurou. “O produtor que não tiver uma colheitadeira, não tiver uma infraestrutura montada, aconselho a não plantar é melhor apostar em outra cultura ‘embora tudo esteja ruim’ mas no algodão é melhor não investir”, aconselhou.

De acordo com cálculos feitos pelo agricultor, hoje a produtividade não cobre o custo para a produção. Ele disse que em média seriam necessárias, pelo menos, 300 arrobas de algodão por hectare para poder cobrir os custos mas a média de produção do algodão em Mato Grosso é de 250 arrobas por hectare. “Temos uma boa produtividade em média 280 arrobas por hectare mas mesmo assim não cobriremos o que gastaremos, por isso falo que teremos prejuízos”, disse.

Ao contrário de safras passadas, Orcival Guimarães disse ao Só Notícias/Agronotícias que este ano está plantando sem nenhum contrato firmado e não sabe o que será do futuro. “Vamos esperar para ver no que vai dar. Nosso objetivo é honrar nossos compromissos e manter nosso nome limpo. Como será na hora da venda é que não sei como será. O mercado é muito volátil, hoje está de um jeito e amanhã de outro. Espero que esta situação melhore e quando formos vender nossa produção o preço do algodão esteja bem melhor o produtor não fique no prejuízo”, finalizou.

Este ano o produtor disse que irá cultivar a mesma área planada na safra passada 7 mil hectares. Destes 2,2 estão em Sorriso.

A partir desta safra os cotonicultores de Mato Grosso terão época certa de plantio. É que uma decisão tomada no dia 17 de setembro em conjunto entre Ampa (Associação dos Produtores de Algodão) e os seis núcleos formados no Estado, determina que o plantio seja feito somente entre 25 de novembro a 20 de fevereiro. A destruição da soqueira também terá tempo certo e deverá acontecer até o dia 15 de setembro de cada ano.




Fonte: Só Notícias

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