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Polícia Brasil
Terça - 02 de Novembro de 2004 às 17:30

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Presos da Penitenciária da Mata Grande, em Rondonópolis, mataram no final da tarde deste domingo, após o encerramento do horário de visitas, o detento Francisco Xavier Venâncio Filho, que recebeu vários golpes de chuços (armas artesanais) e foi decapitado.

Ele é o oitavo preso executado somente neste ano, dentro do presídio. Em nenhum dos casos anteriores a Polícia Civil e a direção do presídio descobriram os autores dos homicídios, já que impera, entre os detentos, a lei do silêncio.

Depois de matar e decapitar Francisco Xavier, os presos ainda fizeram três agentes penitenciários reféns e iniciaram um tumulto, mas os agentes foram liberados logo em seguida e os presos recolhidos às celas. Ontem, o clima era calmo dentro da penitenciária.

Levantamento

Com este crime sobe para oito o número de detentos da Penitenciária da Mata Grande que foram mortos este ano vítimas de homicídio. O número, que indica quase um assassinato por mês, é considerado preocupante pelo diretor do presídio, José Carlos de Freitas. Ele credita o problema ao fato de 60 homens ficarem confinados em uma mesma ala durante todo o dia. Somente à noite, na hora de dormir, eles são encaminhados às celas individuais.

A idade dos detentos assassinados varia entre 27 e 32 anos. Muitos deles são vítimas de vingança ou morrem por causa de dívidas adquiridas dentro da própria penitenciária.

O penúltimo caso de assassinato ocorreu no dia 5 de setembro, após o horário de visita. Sandro Delaponte, 37 anos, foi morto a golpes de chuços artesanais, instrumento comumente utilizado pelos outros detentos para ferir os colegas durante brigas. Sandro foi encontrado morto no raio 3, área em que ficam os latrocidas.

A delegada Anaíde Barros, da Delegacia da Vila Operária, é responsável pelos inquéritos policiais de todos os casos de assassinatos dentro da Penitenciária da Mata Grande. Ela explica que nenhum inquérito foi concluído ainda este ano porque as testemunhas preferem manter a "lei do silêncio". “Os outros detentos ou os próprios policiais plantonistas sabem quem são os autores dos crimes, mas se recusam a denunciar por medo de sofrer represálias”.

Segundo Anaíde, a delegacia já começou a fazer negociações com a Secretaria de Justiça em Cuiabá para que as testemunhas tenham proteção especial ao fazerem as denúncias, mas nada foi definido até o momento.

O diretor da Mata Grande acredita que nem isso resolverá o problema. “A maioria dos presos não tem projetos para quando forem libertados, então eles só se preocupam em continuar vivos. Muitos deles sabem quem são os assassinos dos colegas, mas têm medo de contar a verdade”.

Punição

Como os culpados pelos homicídios não são identificados, as punições que a diretoria da Penitenciária da Mata Grande aplica se restringem a sanções administrativas, como a suspensão de visitas familiares ou a proibição do banho de sol, que atingem a coletividade. (com Primeira Hora)




Fonte: Folha do Estado

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