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Internacional
Segunda - 01 de Novembro de 2004 às 07:36

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O governo interino iraquiano trabalha contra o relógio na organização das eleições gerais de janeiro, obstinado em cumprir a data prevista, apesar dos obstáculos e das ameaças.

"As eleições serão realizadas na data prevista", no final de janeiro de 2005, reiterou o primeiro-ministro interino, Iyad Allawi, após anunciar neste domingo a criação de uma Comissão Suprema, integrada por vários ministros, que vai colaborar com a ONU nos preparativos.

No entanto, poucas horas antes de começar nesta segunda-feira o registro de eleitores, a Comissão Eleitoral Independente, encarregada de preparar as eleições, revelou ter recebido uma carta com chantagens de grupos vinculados à violência terrorista que abala o Iraque.

Um porta-voz disse à emissora local Sawa que na carta os terroristas ameaçavam a vida dos cerca de 6 mil agentes eleitorais e de suas famílias se comparecessem hoje aos 545 centros de registro habilitados ao longo do país.

Ainda assim, muitos acordaram com energias renovadas para iniciar um processo estratégico que levará seis semanas e no qual residem, em grande parte, as esperanças de que os resultados sejam fidedignos aos olhos da comunidade internacional. Durante esse tempo, os agentes estarão ocupados com a difícil tarefa de recensear a população em um Estado carente de instituições seguras.

Para realizar o censo, a Comissão Eleitoral vai recorrer à base de dados das cartilhas de racionamento utilizadas durante os 12 anos do embargo econômico imposto pela ONU ao regime do ex-presidente Saddam Hussein.

Os chefes de família recolherão suas cartilhas de 2005 em um dos inúmeros centros de distribuição, onde serão atendidos por agentes eleitorais, formados pelas Nações Unidas, que ajudarão a preencher um formulário estatístico para cada família. Depois, os agentes examinarão os dados e, se houver erros nas listas, corrigirão nos diretórios definitivos.

Os funcionários da ONU que observam o processo acreditam que a combinação do registro dos eleitores com o sistema de cartilhas de racionamento diminuirá as probabilidades de erro, e também as oportunidades dos terroristas para atrapalhar o processo.

Nesse sentido, espera-se aproveitar os centros de distribuição das cartilhas para garantir uma maior segurança aos cidadãos que queiram se inscrever mas tenham medo dos grupos que tentam impedir as eleições.

O envolvimento da imprensa iraquiana pode ajudar a consolidar esse processo. Os veículos de comunicação parecem se unir para criar um círculo de opinião ao redor do futuro do Iraque por meio da transformação da eleição.

Os editoriais das principais publicações no país opinam quase diariamente sobre as eleições, tanto para desacreditá-las quanto para apoiá-las. Uma das críticas mais repetidas aponta o motivo pelo qual a Comissão Eleitoral não oferece mais e melhor informação sobre todo o processo e por que não esclarace qual será o papel reservado aos assessores da ONU.

"A missão encomendada às Nações Unidas, embora importante, é restrita", afirmou dias atrás o diretor da equipe eleitoral das Nações Unidas no Iraque, o colombiano Carlos Valenzuela.

Segundo Valenzuela, a missão consistira em "proporcionar ajuda técnica, mobilizar e coordenar a assistência eleitoral por parte da comunidade internacional, e garantir que sejam respeitadas as normas internacionais". "As Nações Unidas não são responsáveis pelo processo eleitoral iraquiano e não são parte de nenhuma tomada de decisões a respeito", disse.

Com tudo isso, os iraquianos parecem confiar mais nos líderes religiosos, em cujas mãos parece estar a chave da participação nas eleições.

O grande aiatolá Ali al Sistani, máxima autoridade religiosa da comunidade xiita, pediu a seus seguidores que participem porque é uma "obrigação religiosa", e os que não comparecerem às urnas "cometerão um grande pecado". No entanto, o Comitê de Ulemás Muçulmanos, que reúne a maioria dos partidos religiosos da minoria sunita, considera pecado votar.




Fonte: EFE

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