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Polícia Brasil
Terça - 06 de Novembro de 2012 às 00:02
Por: Marina Novaes/Vagner Magalhães

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Fernando Borges/Terra
A advogada de defesa e mãe da ré, Liliana Prinzivalli, chegou a ser impedida de continuar a questionar as testemunhas
A advogada de defesa e mãe da ré, Liliana Prinzivalli, chegou a ser impedida de continuar a questionar as testemunhas

O primeiro dia do julgamento da advogada Carla Cepollina, 46 anos, acusada de matar o coronel Ubiratan Guimarães, em 2006, foi marcado por bate-bocas protagonizados pela defesa, comandada pela mãe da ré, a advogada Liliana Prinzivalli, e pela troca de farpas com uma das testemunhas de acusação, o delegado Marco Antonio Olivato, que à época do crime investigou o caso pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

Após se manifestar durante o depoimento de Olivato, a ré foi retirada do plenário pelo juiz Bruno Ronchetti de Castro. Em determinado momento, a mãe dela chegou a ser impedida de continuar questionando as testemunhas, após o magistrado entender que ela estaria se excedendo e que não estava sabendo fazer as perguntas, depois de diversas advertências anteriores.

O coronel Ubiratan foi morto em seu apartamento, localizado em uma região nobre de São Paulo, por um tiro supostamente disparado por Cepollina, com quem tinha um relacionamento amoroso. Ubiratan era conhecido por ter comandado o que se convencionou chamar de "Massacre do Carandiru" em 1992, que resultou na morte de 111 presos.

Previsto para começar às 13h desta segunda-feira, no Fórum Criminal da Barra Funda, na zona oeste da capital paulista, o julgamento atrasou quase 3 horas, quando foram escolhidos como jurados 6 homens e uma mulher. A sessão teve início por volta das 16h com o depoimento de uma vizinha da vítima, que relatou ter ouvido um barulho estridente no momento em que teria ocorrido o crime.

O depoimento mais importante do dia foi o do delegado do DHPP Marco Antonio Olivato, que fez parte da equipe que indiciou Carla Cepollina pelo assassinato naquele mesmo ano. O interrogatório de Olivato durou cinco horas e, em sua fala, ele insistiu na tese de que o crime foi passional.

Segundo o delegado, Cepollina foi descrita pelos filhos do coronel como "possessiva", e cometeu o assassinato por ciúmes, após descobrir que a vítima estaria se relacionando com outra mulher, a delegada da Polícia Federal Renata Madi, que chegou a ser convocada como testemunha, mas não compareceu ao julgamento.

Citando como indícios o fato de a vítima ter sido morta com um tiro disparado de sua própria arma (que sumiu); de nada ter sido roubado; de não haver indícios de luta no local do assassinato; e de a advogada ter sido a última pessoa a ser vista deixando o apartamento; o delegado descartou a possibilidade de qualquer envolvimento do Primeiro Comando da Capital (PCC) e ressaltou que não havia características de "execução" por vingança.

Tumulto e expulsão

A confusão começou quando a mãe de Cepollina, que faz sua defesa, começou a questionar o delegado. Lembrando um episódio em que Olivato a prendeu em flagrante por posse ilegal de arma, encontrada em sua casa cerca de duas semanas após o assassinato do coronel Ubiratan, Liliana o acusou de ter usado o fato para obrigar sua filha a confessar o crime.

 

"O senhor falou ou não: "ou você (Carla) confessa (o assassinato) ou sua mãe vai presa", questionou. "Eu não falei isso", rebateu Olivato, que mais cedo havia acusado a advogada de "perseguição pessoal e profissional".

A resposta de Olivato provocou a indignação de Carla Cepollina, que acompanhava o julgamento sentada ao lado dos advogados de defesa, e retrucou, se exaltando: "falou sim", gritou.

O juiz Bruno Ronchetti de Castro determinou que ela fosse retirada da sala, por volta das 21h30, já que os réus só podem se manifestar ao serem interrogados. Antes de deixar a sala ela repetiu: "falou sim".

Após a expulsão da filha, a mãe de Carla Cepollina também foi repreendida pelo juiz responsável pelo julgamento, que entendeu que ela estaria tentando exercer o papel de advogada da ré e, ao mesmo tempo, testemunha "informal" do caso.

Demonstrando irritação, ele chegou a impedir que ela continuasse a questionar a testemunha, determinando que se manifestasse apenas por meio do advogado assistente, o que aconteceu a partir daquele momento. , mas Liliana se desculpou e pode continuar o interrogatório. "Eu peço desculpas porque me exaltei, mas a Carla não teve culpa", desculpou-se.

Segundo dia

O julgamento será retomado nesta terça-feira, com o interrogatório de outro delegado da Polícia Civil, José Vinciprova Sobrinho, convocado pela acusação. Como a delegada Renata Madi (suposta pivô da crise) e o filho da vítima, Fabrício Rejtman Guimarães, não compareceram ao julgamento, os depoimentos feitos por eles em juízo anteriormente devem ser lidos em plenário neste segundo dia de sessões.

 

Já a defesa abriu mão das cinco testemunhas que havia convocado e, portanto, após a conclusão dos depoimentos será a vez de Carla Cepollina depor e apresentar sua versão dos fatos.

Carla responde por homicídio qualificado por motivo torpe, fútil e por ter cometido o crime com a impossibilidade de defesa da vítima. Defesa e acusação tentaram um acordo para que o júri fosse adiado para fevereiro, mas o pedido foi indeferido pelo juiz do caso.





Fonte: Terra

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