Vídeo é "granada política" que pode ajudar Bush

O momento em que foi divulgada a mensagem em vídeo de Osama bin Laden só pode ter sido intencional. Para os eleitores americanos, a mensagem - lançada como uma granada de mão política, no final da campanha eleitoral - pode ter dois significados opostos.

Ela pode indicar que a "guerra ao terror" fracassou: que a cúpula da Al-Qaeda parece estar operando livremente e articulando suas idéias três anos depois que a "guerra" foi declarada.

Isso, por sua vez, pode impulsionar o desejo de mudança e impulsionar a campanha do democrata John Kerry. Mas, também, pode ter o efeito oposto.

Saudável e bem-vestido

Eleitores poderiam interpretar o vídeo como uma afirmação da validade da posição assumida pelo presidente George W. Bush. A mensagem poderia ser um fator decisivo para eleitores que ainda não escolheram seu candidato, na medida em que o reaparecimento de Bin Laden justifica a chamada "Guerra ao Terror" de Bush e as políticas adotadas para travar essa guerra.

O primeiro vídeo de bin Laden em dois anos mostra que o líder da Al-Qaeda está vivo, livre e aparentemente com saúde. Ele pareceu gesticular facilmente e falou de forma calma, sem sobressaltos, além de estar arrumado e bem-vestido. Sua aparência não era de um homem fugitivo.

A filmagem deste vídeo e sua distribuição sugerem que, até certo grau, bin Laden ainda está cercado por uma estrutura organizada.

E, em sua mensagem, bin Laden está dizendo não só que está vivo - mas também que ainda é um fator importante no mundo, ainda uma ameaça significativa.

Reação crucial

Clique aqui para ler a reação de Bush e do candidato democrata à Casa Branca, John Kerry, à divulgação do vídeo

Algo crucialmente importante neste momento é como as campanhas democrata e republicana lidam com a novidade, como descrevem a mensagem, tiram conclusões sobre ela e a moldam para beneficiar seus interesses.

Kerry não pode se arriscar a tentar tirar proveito político do vídeo. Os republicanos provavelmente estão numa situação mais confortável neste caso.

Nada que Bin Laden diz no vídeo contesta ou força uma mudança nas posições do governo americano em relação à guerra contra o terror. Por outro lado, tudo o que ele diz parece impulsionar a importância e o significado dessa guerra.

O vídeo dá vida à idéia de que o terrorismo é ainda uma ameaça para os Estados Unidos, e que os Estados Unidos estão corretos em fundamentar a presidência no quesito segurança.

Kerry

Para os democratas, a missão é muito mais difícil. Muitas das críticas e observações feitas por Bin Laden no vídeo - que o presidente Bush é desonesto, que ele foi incompetente na guerra contra o terror - são focos da campanha democrática. Kerry não pode se arriscar nem remotamente a parecer que está tirando proveito da mensagem, ou ecoando seu conteúdo.

Sua reação mais provável é repetir sua afirmação de que a guerra no Iraque foi um desvio; de que o verdadeiro perigo é bin Laden; e de que, após três anos, ele está ainda fazendo ameaças enquanto os soldados americanos estão tendo dificuldade para cumprir todas suas missões no Iraque.

Nós sabemos que eleitores, quando opinam sobre quem é o melhor candidatos em termos de segurança nacional, apostam mais em Bush do que em Kerry.

O impacto da gravação nos momentos finais da campanha apenas vão surgir nos próximos dias. Mas seria errado supor que o vídeo é uma má notícia para as chances de reeleição de Bush.