Equipamentos da empresa Kroll apreendidos pela Polícia Federal são levados para Brasília

Um avião monomotor aterrissa às 14h30 no hangar da Polícia Federal (PF), em Brasília, carregado de computadores, documentos e equipamentos que podem ser usados para escuta clandestina. O material, que está vindo de São Paulo para ser periciado, foi apreendido durante a Operação Chacal realizada ontem pela PF contra a multinacional Kroll, empresa especializada em investigações empresariais. As informações são da assessoria de imprensa da PF.

A operação - desencadeada simultaneamente no Distrito Federal, e nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná - resultou na prisão de cinco pessoas acusadas de formação de quadrilha e espionagem. No total, 90 policiais federais cumpriram 16 mandados de busca e apreensão, expedidos pela 5ª Vara da Justiça Federal em São Paulo, Ribeirão Preto, Curitiba, Rio de Janeiro e Brasília.

A ação teve início em março deste ano, a partir de investigações sobre a disputa da Brasil Telecom pelo fundo de investimentos Opportunity, do banqueiro Daniel Dantas, e pela empresa de telefonia Telecom Itália. Segundo reportagens publicadas pela imprensa em julho, funcionários do primeiro escalão do governo federal também teriam sido espionados pela Kroll. A empresa é suspeita de agir ilegalmente e cometer crimes, como oferecimento de vantagem a testemunhas e quebra de sigilos bancário e sigilo telefônico. A lei que regula a interceptação telefônica no Brasil restringe o seu uso a autoridades e exige a determinação judicial.

Em nota oficial publicada hoje, a empresa Kroll afirma que não cometeu nenhuma prática ilícita. "As investigações foram conduzidas legalmente, através da análise de documentos públicos, entrevistas e conversas informais. A empresa jamais utilizou qualquer prática contrária à legislação brasileira, tal como grampo telefônico ou quebra de sigilo eletrônico."

Assim que chegar a Brasília, os documentos e equipamentos eletrônicos e de informática apreendidos serão levados à Superintendência da Polícia Federal. O monomotor que traz o material de São Paulo é da marca Cessnan, modelo Caravan, com capacidade para nove passageiros, além da tripulação, e para até 1,5 mil quilos distribuídos entre carga e bagagem.