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Polícia Brasil
Terça - 26 de Outubro de 2004 às 07:30
Por: Alecy Alves/Mária Angélica Oli

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O ex-cabo da Polícia Militar Hércules de Araújo Agostinho foi condenado ontem à noite a mais 38 anos e quatro meses de prisão em regime fechado pelo duplo homicídio que vitimou o empresário Rivelino Brunini e seu amigo Fause Rachid Jaudy, crime ocorrido no dia 5 de junho de 2002. O júri popular, o sexto por que passa o ex-cabo, começou por volta das 8 horas e só terminou quando passavam das 23. Agora, todas as suas penas somam 120 anos.

Além dos dois homicídios, o ex-cabo também foi condenado pela tentativa de homicídio contra Gisleno Fernandes, que ficou ferido, e por formação de quadrilha. A princípio, a pena total seria de 51 anos, mas o juiz César Bearsi entendeu que havia atenuantes, como a confissão do crime e a contribuição que Hércules deu às investigações.

O julgamento do coronel Marcondes Tadeu de Araújo Ramalho, que também ocorreria ontem, só deverá acontecer no ano que vem. Ele será julgado pelos crimes de formação de quadrilha e exploração ilegal de máquinas caça-níqueis.

Apesar de não ser acusado dos homicídios de Brunini e Fause, o coronel irá a júri popular porque a denúncia do Ministério Público estabelece uma conexão entre a acusação e os assassinatos. O júri deve ocorrer em fevereiro.

As duas testemunhas de acusação, Raquel Brunini (irmã de Rivelino) e Gisleno Fernandes, foram dispensadas porque não se encontram no Estado. Raquel está na Itália e Gisleno, em Mato Grosso do Sul.

O ex Hércules foi julgado pelas acusações de duplo assassinato, tentativa de homicídio e formação de quadrilha. Até o início do júri, ele acumulava 82 anos de condenação, parte deles pelas mortes do empresário Sávio Brandão e do sargento José Jesus de Freitas. O advogado de Hércules, Jorge Henrique Franco de Godoy, recorreu de todas as condenações.

Apesar de não ser obrigado, Hércules respondeu as perguntas feitas pelo juiz César Bearsi, pelos procuradores da República Daniela Batista Ribeiro e Rodrigo Teles de Souza. Confessou ter matado Rivelino Brunini e disse que, por intermédio de Célio, ficou sabendo que João Arcanjo Ribeiro era o mandante do crime. A execução teria custado R$ 7 mil.

Ele relatou a trama que culminou nos assassinatos. “Quando morreu o Jesus (sargento José Jesus de Freitas, morto por Hércules no dia 27 de abril de 2002), João Leite ficou cobrando Arcanjo e disse ao Célio para saber quem seria. O Célio resolveu falar que era o Rivelino. Aí o João falou para o Arcanjo”.

Hércules negou ter atirado em Fause Rachid Jaudy e alegou ter disparado contra o pintor Gisleno Fernandes porque pensou que ele fosse segurança de Brunini. A procuradora Daniela Batista interveio dizendo que, no julgamento de Júlio Bachs, Hércules teria dito o contrário, que realmente atirou em Fause.

Após o crime, Hércules teria seguido para a casa de uma pessoa identificada como Edimilson, onde recebeu o dinheiro. Ele disse ter conhecido Júlio Bachs e o coronel Frederico Lepesteur na prisão, o que refuta a versão do Ministério Público Federal de que os dois teriam encomendado o crime. “Segundo o João, o Arcanjo queria matar o Lepesteur, então ele não estaria envolvido”, disse.

Após as perguntas, foi feita a leitura da denúncia do Ministério Público Federal e de outros depoimentos, um total de aproximadamente 80 páginas. A estratégia utilizada pela defesa foi a de tentar reduzir os agravantes do crime, como o fator surpresa, que dificultou a defesa das vítimas.

Ele baseou o pedido em supostas promessas que o procurador da República Pedro Taques e o promotor do Gaeco Mauro Zaque teriam feito a ele. “Eles disseram que quando acabasse esses julgamentos eu iria para outro Estado”.




Fonte: Diário de Cuiabá

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