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Nacional
Segunda - 25 de Outubro de 2004 às 14:47
Por: Biaggio Talento

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Salvador - A senadora Heloísa Helena (sem partido-AL) chamou o ministro da Integração Nacional Ciro Gomes de "histérico" por atacar os opositores do projeto de transposição do Rio São Francisco e disse que vai convidá-lo a dar um mergulho nas águas para mostrar que o rio está efetivamente secando. "Ele diz que nós da Bahia e de Alagoas somos pessoas emocionais (ao discutir a transposição) e eu não sei que trauma ele tem contra as emoções; o fato é que ele fica `danado´ (irritado) quando a gente fala que o São Francisco está morrendo", disse ela em Salvador onde foi participar de um fórum sobre o polêmico projeto.

Na opinião da senadora, "objetivamente" Ciro não conhece o rio, "só através do computador" e desqualifica todo o conhecimento técnico e científico dos Estados nordestinos. "Os cientistas do Ceará e do Rio Grande do Norte que seriam Estados beneficiados com a transposição são contra o projeto, pois sabem que se caracteriza uma farsa técnica, inviável economicamente e do ponto de vista ambiental", disse.

Heloísa brincou com uma declaração atribuída a Ciro segundo a qual o São Francisco está igual a quando foi descoberto pelo navegador Américo Vespucio no Século 16. "Eu vou levá-lo para uma daquelas pedras que quando eu era criança usava para mergulhar: se ele pular nos dias de hoje da pedra vai se estatelar lá embaixo, pois não tem mais água".

Ela também qualificou de "incompetência técnica" a opinião dos defensores da transposição quando dizem que a água se perde no mar e poderia ser usada para o bem das populações nordestinas. "É como se não houvesse todo um ciclo biológico que se mantém graças à água do São Francisco que escoa para o mar", disse. "Combinaram com o mar que ele ficaria quietinho e não invadiria os territórios do rio, como já está invadindo na foz do São Francisco destruindo povoados inteiros", ironizou. Conforme a senadora, o presidente Luiz Inácio da Silva apóia o projeto por causa da repercussão que ele dá na mídia.

Ela criticou o que chamou de "menosprezo" de todos os estudos que se fez no Nordeste sobre a transposição e a vivência das pessoas. "É uma grande arrogância e preconceito não levar em conta a experiência dos pescadores e ribeirinhos que estão vendo que o rio está se distanciando (da calha), que o peixe que pescava não se pesca mais", comentou, insinuando que o projeto tem objetivos escusos: "Se querem encher os bolsos das empreiteiras e das construtoras e dos seus serviçais na política brasileira, façam o saneamento básico que é muito mais importante".




Fonte: Agência Estado

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