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Nacional
Quinta - 21 de Outubro de 2004 às 11:25

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As fotos do jornalista Vladimir Herzog, divulgadas pelo Correio Braziliense no último domingo (17), fazem parte de arquivo da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados e foram mostradas à imprensa em 1997. Na época, ninguém relacionou a foto do homem nu e cabisbaixo a Herzog. No entanto, segundo narra o ex-assessor da comissão e ativista de direitos humanos Augustino Veit, as fotografias chamaram a atenção justamente pela peculiaridade de ser a única pessoa que aparecia sem roupa nas fotos que compõem o arquivo.

O material foi entregue pelo cabo José Alves Firmino, hoje reformado pelo Exército, ao então presidente da comissão, atualmente prefeito de Goiânia, Pedro Wilson. Segundo Veit, Firmino procurou Wilson antes mesmo de citar os documentos. “Ele disse que o estavam ameaçando de expulsão e chegou a ser preso por causa de registros de indisciplina. Os familiares dele nos procuraram, eu e o Pedro (Wilson) fomos ao Exército e conversamos com um general que nos recebeu muito bem. Ele foi solto e, aí sim, nos entregou a documentação”, conta Veit.

Firminou alegou, na época, segundo Veit, que um agente do antigo Serviço Nacional de Informações (SNI) foi quem lhe repassou os documentos por saber que o cabo sofria ameaças. “Esse agente teria dito a ele (Firmino) que tinha uns documentos que salvariam a vida dele”, afirmou Veit. O então assessor da Comissão de Direitos Humanos relata ainda que todos os documentos que constavam das três caixas entregues por Firmino foram mostrados à imprensa. “Certamente a repercussão do caso resultou na reforma dele (Firmino). Acredito que seria expulso não fosse isso”, supõe Veit.

A imprensa, recorda-se Veit, deu ampla divulgação aos documentos entregues por Firmino em 97 aos deputados da Comissão de Direitos Humanos. O assessor disse se lembrar de fotos de pessoas conhecidas como o hoje ministro do Esporte, Agnelo Queiroz, o presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), José Genoíno, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o deputado Fernando Gabeira, a deputada Maria José Maninha, além de sindicalistas e militantes do PT e do PcdoB.

“Mas a foto do tal homem nu, que nos chamou atenção, não foi relacionada a ninguém. Me lembro que se cogitou a hipótese de ser um morador de rua. Não me recordo de alguém ter sequer sugerido que seria o jornalista Vladimir Herzog. Inclusive, essas fotos, especificamente, nem foram publicadas na época pelos jornais”, relembra Veit.

Além de fotos, o material entregue em 97 – e disponível ao público até hoje nos arquivos da Comissão de Direitos Humanos – contém anotações sobre a participação de várias pessoas em manifestações e eventos variados. Também possui citação sobre o teor de discursos do então deputado Ulysses Guimarães no parlamento, documentos sobre o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e sobre o estudante e líder do Diretório Central de Estudantes da Universidade de Brasília (UnB), Honestino Guimarães. Na maior parte, o arquivo é composto por documentos que mostram como o regime militar monitorava as atividades de militantes na época da ditadura.




Fonte: Agência Brasil

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