Produtores do Nortão estão desestimulados para venda futura de soja

O mercado de venda futura de soja está completamente parado na região Norte de Mato Grosso. A constatação é de alguns corretores de cereais de Sinop. A comercialização antecipada da safra 2004/05, que começa no momento em que as lavouras são plantadas, não está despertando o interesse dos produtores, como Só Notícias levantou.

A baixa recente nos preços internacionais da soja, devido principalmente à safra recorde nos Estados Unidos, explica o desinteresse do produtor em vender suas safras futuras. Ontem, a saca de 60 kg estava valendo R$28 em Sinop. Segundo Antônio Tonietto, de uma empresa em Sinop que comercializa cereais, o Brasil também está com um estoque grande da oleaginosa. "Não intermediamos nenhum contrato ainda", informou ele.

Os produtores também estão temerosos em vender antecipado, porque no ano passado venderam a cerca de US$8,5 e o preço da soja, na hora da entrega, estava na média de US$15. "Uns cumpriram a entrega, outros não. Acredito que isso também influencia. O preço está baixo e eles temem que suba até na data da entrega e tenham prejuízo com isso", informou Tonietto.

As cooperativas da região Centro-Oeste já receberam da Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (Abiove), entidade que reúne as esmagadoras de soja no Brasil, um folheto em que ressalta a importância do cumprimento dos contratos de venda antecipada de soja e explica que o setor exportador e industrial não lucrou com a elevação dos preços do grão na safra 2003/04.

No documento, a Abiove destaca que "Condições climáticas adversas e a ocorrência de doenças podem a qualquer tempo frustrar a safra, mas não podem ser consideradas como fenômenos imprevisíveis e extraordinários. O mesmo ocorre com as oscilações dos preços dos produtos agrícolas".

A Abiove destacou que o contrato antecipado com a indústria foi essencial para a expansão da sojicultura no país nos últimos anos, mas "A confiança nos contratos de soja verde com preço fixo está maculada e as negociações da próxima safra devem carregar a lembrança das ações judiciais que ainda tramitam em todo o país".