Gripe se torna arma de campanha de Bush e Kerry

A escassez de vacinas contra a gripe se tornou um assunto central da campanha eleitoral nos EUA e motivou nesta terça-feira uma troca de acusações entre o presidente George W. Bush e seu adversário democrata, John Kerry.

Bush afirmou em um encontro com seus partidários na Flórida que a escassez se deve a um "grande erro da companhia (britânica) fabricante", e assegurou que seu governo está fazendo todo o possível para ajudar os cidadãos mais vulneráveis.

Kerry afirmou, por sua vez, que o governo savia há três anos de que uma situação assim poderia ocorrer.

"Se não se pode obter vacinas para os americanos, como protegê-los contra o bioterrorismo? E que tipo de programa sanitário está sendo dirigido?", perguntou-se Kerry.

O candidato democrata lembrou que as pessoas permanecem em filas durante horas, algumas de 70 e 80 anos de idade, "com a esperança de serem uma das felizardas" a receber a vacina.

"A cada dia, os funcionários sanitários têm que tomar decisões que podem ser de vida ou morte para verr quem receberá a vacina", acrescentou o senador por Massachusetts.

Isto é particularmente certo em Bloomfield, uma localidade de Nova Jérsei onde as autoridades locais decidiram sortear entre os doentes as vacinas existentes.

O secretário de Saúde, Tommy Thompson, anunciou hoje que os laboratórios Aventis Pasteur se comprometeram a fabricar 2,6 milhões de vacinas adicionais para os EUA que estarão disponíveis em janeiro do próximo ano.

Em entrevista coletiva, Thompson assegurou que a crise será superada e que há boas razões para ser otimista.

As autoridades sanitárias continuam buscando mais fornecedores e explorando a possibilidade, entre outras, de que o Canadá possa resolver o problema.

Enquanto isso, os casos de gripe já começaram a aparecer em sete estados, segundo um relatório dos Centros para o Controle e Prevenção de Doenças (CDC) difundido esta semana.

A escassez de vacinas foi enfocada no início deste mês quando as autoridades britânicas alertaram que boa parte das doses de Chiron, o segundo fornecedor mais importante dos EUA, estavam infectadas.

A gripe causa em torno de 36.000 mortes e 200.000 internações ao ano nos EUA. As autoridades sanitárias do país recomendam racionalizar as doses disponíveis de modo que os doentes crônicos, as pessoas maiores de 64 anos, os menores de dois e as mulheres grávidas tenham prioridade.