Ele participou nesta sexta de uma homenagem aos policiais que foram mortos enquanto trabalhavam, que reuniu os parentes das vítimas, políticos e colegas de farda. A missa, no Mausoléu da PM, no Cemitério do Araçá, perto da Avenida Paulista, também homenageou os policiais atacados durante a folga. No total, 89 PMs foram assassinados desde o começo do ano na Grande São Paulo.
Os ataques contra a polícia fazem parte de uma onda de violência. Em menos de um mês, já morreram 151 pessoas na região metropolitana. É o dobro do registrado no mesmo período do ano passado. O aumento da criminalidade provocou desentendimentos entre o Ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, e o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Antonio Ferreira Pinto.
Depois de quase uma semana de divergências, a presidente Dilma e o governador Geraldo Alckmin assumiram as negociações para um trabalho conjunto. O governo federal oferece: ajuda da Polícia Federal para investigar o crime organizado, vagas em presídios de segurança máxima como o de Mossoró, no Rio Grande do Norte, para tentar isolar os chefes das quadrilhas paulistas e uma parceria com a Receita Federal, para fiscalizar empresas e contas bancárias ligadas às quadrilhas.
“As equipes vão se reunir já a partir do início da próxima semana e vão estabelecer uma boa parceria em todas as áreas que possam ajudar. Eu tenho certeza que a população vai rapidamente ver bons benefícios, bons resultados desse trabalho em conjunto”, disse governador Geraldo Alckmin nesta sexta.
Em um primeiro momento, os dois governos descartam repetir em São Paulo a experiência do Rio de Janeiro, que instalou Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) nas favelas.
Alckmin falou, durante inauguração de um santuário na Zona Sul de São Paulo, sobre a conversa com a presidente. “Nós conversamos duas vezes por telefone. Tanto as equipes do governo do estado, da Secretaria da Segurança Pública, da [Secretaria] da Administração Penitenciária, e do Ministério da Justiça vão na semana que vem estabelecer um conjunto de procedimentos nas várias áreas. Aí cabe às equipes técnicas verificarem quais as parcerias que podem ter mais eficácia”, afirmou.
O governador disse que a Operação Saturação continua. “Essas operações, elas vão continuar. O serviço de inteligência da polícia vai dizendo quais são as comunidades, quais são os locais onde há necessidade de ser feito”, afirmou.
Estatística
Desde agosto, uma facção que atua dentro e fora dos presídios ordenou que seus integrantes executassem policiais que matassem criminosos. Ao longo do ano, o governo do estado também registrou aumento no índice de crimes contra a vida (homicídios dolosos e latrocínios), conforme balanços da Secretaria da Segurança Pública (SSP-SP).
O Ministério Público apura se policiais militares estão envolvidos em mortes: há suspeitas de que agentes da lei descontentes com as mortes dos colegas formaram grupos de extermínio e milícias para revidar os ataques contra criminosos.
Em entrevista ao G1 na noite de quarta-feira (31), o secretário de Segurança Pública, Antônio Ferreira Pinto, afirmou que a situação é de "absoluto controle" no estado. Ele negou haver uma "guerra" entre policiais e traficantes. Desde o começo da semana a PM realiza operação em Paraisópolis, onde realizou prisões e apreendeu lista com supostos nomes de policiais marcados para morrer.
Segundo a PM, desde segunda-feira (29), a Operação Saturação na favela de Paraisópolis conseguiu prender 22 pessoas em flagrantes por diversos tipos de crimes, apreender 15 armas de fogo ilegais, 324 munições, mais de 24 kg de cocaína; outros 254 kg de maconha e 50 unidades de drogas sintéticas.
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