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Repórter News - reporternews.com.br
Nacional
Domingo - 17 de Outubro de 2004 às 11:33

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Onze prisões em flagrante, feitas nas duas últimas semanas, marcaram o fim da impunidade à exploração ilegal de madeira na Amazônia.

Na fronteira do Peru com o Estado do Acre, área onde se tem notícia desse tipo de exploração há pelo menos duas décadas, madeireiros peruanos foram detidos com motosserras e armas. Junto com eles, centenas de toras de árvores brasileiras, principalmente mogno, seriam enviadas a madeireiras sediadas no Peru.

Todos estão presos na sede da Polícia Federal do município de Cruzeiro do Sul (AC) e vão responder por quatro crimes, entre eles receptação qualificada e porte ilegal de arma. As informações são da Agência Brasil.

Há oito anos, agentes da Polícia Federal, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Exército realizam operação conjunta de fiscalização da área, motivados por denúncias feitas por povos indígenas que habitam a região.

Parte da exploração ilegal da madeira era feita dentro das terras dos índios ashaninkas, e outra parte na área sul do Parque Nacional da Serra do Moa, localizado no município de Marechal Thaumaturgo.

Satélite

Para flagrar os madeireiros em ação, os agentes envolvidos na operação realizaram um trabalho minucioso de planejamento e monitoramento com imagens de satélite, identificando pontos onde estariam localizados os acampamentos clandestinos dos madeireiros.

Munidos dessas informações, os agentes permaneceram três dias acampados em uma área isolada da floresta, até o momento do primeiro flagrante, ocorrido há duas semanas. Na ocasião, quatro madeireiros foram presos e com as informações coletadas foi possível um novo flagrante, feito no último domingo. Outros sete madeireiros foram presos.

Retirada A retirada ilegal de madeira na região era feita pelo sistema "formiguinha", que consiste em carregamento feito por animais ou por pessoas.

No caso, os operários carregavam, por trajetos de cinco quilômetros, pranchas de madeira que pesam entre 60 e 100 quilos. O material era abandonado em pontos previamente demarcados, onde outros operários apanhavam a madeira e carregavam por um novo percurso de cinco quilômetros.

Dessa forma, a madeira saía da floresta de forma despercebida e entrava no Peru, onde finalmente era encaminhada a madeireiras daquele país.

Sem fiscalização

De acordo com o diretor de proteção ambiental do Ibama, Flávio Montiel, apesar de haver indícios, há mais de 20 anos, sobre a exploração ilegal de madeira por peruanos em terras brasileiras, o governo daquele país jamais reconheceu o problema ou agiu de modo a intensificar a fiscalização para impedir o contrabando.

Segundo Montiel, já existia um grupo de cooperação ambiental fronteiriça, mas não havia ação efetiva. ´Com esse flagrante, será possível estabelecer uma pauta com propostas que busquem soluções efetivas´, disse o diretor.

Enquanto os dois países não discutem o problema, o Ibama já anunciou a construção de um posto de fiscalização avançada na região, próximo à terra dos ashaninka. Os índios serão capacitados pelo Ibama para ajudar na fiscalização e assim impedir a ação dos madeireiros.

Em toda divisa seca do Brasil, que tem mais de 10.800 quilômetros de extensão, existem apenas 23 postos de vigilância avançada.




Fonte: FolhaPress

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