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Internacional
Sábado - 16 de Outubro de 2004 às 20:27
Por: Alejandra Villasmil

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Poucas fotografias recentes tiveram um impacto tão explosivo como as dos presos torturados por soldados americanos na prisão iraquiana de Abu Ghraib, algumas das quais estão expostas no International Center of Photography.

Intitulada "Inconvenient Evidence" ("Prova Inconveniente"), esta exposição, que ficará aberta em Nova York até 28 de novembro, coloca vinte destas polêmicas imagens fora do contexto dos meios de comunicação pela primeira vez.

"Certamente elas são importantes e noticiosas, mas por que mostrar de novo em um museu estas imagens que foram tão bem examinadas e que circularam tanto?", pergunta-se o curador da mostra, Brian Wallis.

Segundo ele, como fotos de guerra tiradas por amadores com câmeras digitais, estas imagens oferecem uma perspectiva muito diferente das estudadas e heróicas fotos de guerra do século XX, que costumam ser mais épicas, aceitáveis e, inclusive, românticas.

"Estas imagens do Iraque, mais banais, oferecem um panorama muito diferente: a guerra é crueldade sistemática imposta ao nível da tortura diária, uma realidade que a fotografia de guerra tende a mascarar", afirma.

Wallis também destaca que as fotos foram tiradas não por repórteres fotográficos, mas por amadores, ou melhor, por participantes das atrocidades.

O curador da mostra acrescenta que as fotografias - que, quando foram reveladas pela imprensa em abril passado, tornaram-se "onipresentes e inesquecíveis" - revelam a mudança dramática na captação e circulação de imagens.

Tiradas com câmeras digitais pequenas ou telefones celulares, as imagens foram baixadas diretamente do ciberespaço e disseminadas rapidamente através de sites na Internet e e-mails entre milhões de pessoas de todo o mundo.

Wallis indica que as imagens também despertam questões morais preocupantes sobre o papel da fotografia na cultura.

"Um dos propósitos aparentes das fotografias não era simplesmente registrar os interrogatórios militares, mas intimidar e humilhar os prisioneiros árabes, em uma aparente violação da convenção de Genebra sobre o tratamento de prisioneiros de guerra", destaca.

As fotos, que apareceram primeiro no programa informativo "60 Minutes" da rede CBS e depois foram reproduzidas na revista "The New Yorker" e no jornal "The Washington Post", transgridem proibições próprias da cultura árabe, como a nudez e a homossexualidade.

A maioria das imagens mostra os prisioneiros nus, com as cabeças cobertas com capuzes e obrigados a realizar atos humilhantes. Em uma delas, vê-se dois homens simulando sexo oral.

Imagens de corpos nus empilhados e de soldados que aterrorizam os prisioneiros com cães são mostradas junto às de um preso deitado nu sobre o solo com uma perna sangrando.

Outra foto que mostra os abusos de direitos humanos por parte de soldados americanos no Iraque é a de um homem encapuzado, com os braços estendidos, parado sobre uma caixa da qual não pode descer ou cair, porque seria eletrocutado.

A exposição apresenta, além disso, a reação do mundo árabe às imagens, incluída uma fotografia de dois grandes cartazes instalados em junho em uma rua movimentada de Teerã, capital do Irã, que por sua vez reproduzem duas destas fotografias.

Segundo Wallis, a meta da exibição é despertar uma discussão mais profunda sobre o que significam estas imagens e considerar não só o que mostram, mas também como as usamos para entender e moldar nosso mundo.




Fonte: EFE

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