Entre as dez mortes que ocorreram entre quinta e sexta na capital e Grande SP, duas delas aconteceram na Zona Oeste de São Paulo. Na madrugada desta sexta-feira, no Jardim Arpoador, um adolescente de 18 anos foi morto a tiros quando saía da casa do irmão em direção a residência da mãe. A suspeita é que homens de moto passaram atirando na rua e atingiram a vítima. Os criminosos fugiram.
No Jardim Esmeralda, outra pessoa foi baleada e morta por motociclistas que passaram atirando contra um grupo de pessoas que estava num bar. Outras duas vítimas ficaram feridas e foram socorridas. Os bandidos também escaparam.
Policial civil
Além das mortes que estão ocorrendo, a onda de violência que assola São Paulo deixou feridos.
Na noite de quinta-feira, um investigador da Polícia Civil foi baleado nas costas quando pilotava uma moto na Zona Norte de São Paulo, informou o Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos (Garra). Dois homens em outra moto teriam atacado a vítima na Avenida Inajar de Souza, Bairro Elisa Maria, pouco depois das 23h. Baleado duas vezes nas costas, o policial, que trabalha no 72º Distrito Policial, Vila Penteado, foi internado num hospital e passaria por cirurgia de emergência. Nada foi roubado do policial. Não há pistas dos agressores.
Estatística
Desde agosto, uma facção que atua dentro e fora dos presídios ordenou que seus integrantes executassem policiais que matassem criminosos. Ao longo do ano, o governo do estado também registrou aumento no índice de crimes contra a vida (homicídios dolosos e latrocínios), conforme balanços da Secretaria da Segurança Pública (SSP-SP).
O Ministério Público apura se policiais militares estão envolvidos em mortes: há suspeitas de que agentes da lei descontentes com as mortes dos colegas formaram grupos de extermínio e milícias para revidar os ataques contra criminosos.
Em entrevista ao G1 na noite de quarta-feira (31), o secretário de Segurança Pública, Antônio Ferreira Pinto, afirmou que a situação é de "absoluto controle" no estado. Ele negou haver uma "guerra" entre policiais e traficantes. Desde o começo da semana a PM realiza operação em Paraisópolis, onde realizou prisões e apreendeu lista com supostos nomes de policiais marcados para morrer.
Segundo a PM, desde segunda-feira (29), a Operação Saturação na favela de Paraisópolis conseguiu prender 22 pessoas em flagrantes por diversos tipos de crimes, apreender 15 armas de fogo ilegais, 324 munições, mais de 24 kg de cocaína; outros 254 kg de maconha e 50 unidades de drogas sintéticas.
A polícia divulgou ainda, na manhã desta sexta, um balanço parcial do braço da Operação Saturação iniciada nesta quinta na região do Campo Limpo e do Capão Redondo, na Zona Sul da capital paulista. Mais de mil pessoas foram abordadas e três foram presas. Segundo a corporação, duas armas e munições foram apreendidas, além de 5 kg de cocaína e 1,3 kg de maconha.
Planos
Na tarde de quinta-feira, Dilma e Alckmin definiram os primeiros passos para encerrar a polêmica. Segundo a assessoria do governo paulista, na conversa entre Dilma e Alckmin ficou definido que a Secretaria da Segurança Pública (SSP), a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) e Ministério da Justiça devem se reunir para definir quantos serão os detentos transferidos e para quais presídios serão levados.
Dilma e Alckmin acertaram que o acordo terá o mesmo status que parcerias para as obras de infraestrutura, habitação popular e combate à miséria. Ainda de acordo com o governo de São Paulo, será formado grupo de trabalho para estudar outros possíveis apoios.
Reunião em São Paulo
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, deverá vir a São Paulo na próxima semana para se reunir com integrantes do Palácio dos Bandeirantes e começar a delinear as estratégias da ação. Nesta conversa preliminar, os representantes das esferas federal e estadual irão debater o que é possível fazer para conter a ação dos criminosos.
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