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Internacional
Quinta - 14 de Outubro de 2004 às 18:38

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A misteriosa remoção de partes de instalações nucleares iraquianas continuou por muito tempo depois da invasão liderada pelos Estados Unidos e foi realizada por pessoas com acesso à maquinaria pesada e a equipamentos de demolição, informaram hoje diplomatas.

A agência nuclear da Organização das Nações Unidas (ONU) disse ao Conselho de Segurança nesta semana que equipamentos e materiais que podem ser utilizados na fabricação de armas atômicas tinham desaparecido do Iraque sem a percepção de Bagdá ou de Washington. "Este processo aconteceu pelo menos uma vez em 2003... e provavelmente em 2004," disse um diplomata ocidental próximo à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que monitorou as instalações nucleares iraquianas antes da guerra do ano passado.

Isso contrastou com afirmações de dirigentes ocidentais e iraquianos, que fizeram pouco caso do desaparecimento do equipamento. O ministro das Relações Exteriores britânico, Jack Straw, disse na terça-feira passada que acreditava que a maioria das remoções aconteceu no caos após a invasão de março de 2003.

Os Estados Unidos e a Grã-Bretanha disseram ter invadido o Iraque para livrar o país das armas de destruição em massa. Ambos os países da coalizão agora admitem que o líder derrubado, Saddam Hussein, não tinha tais armas.

Vários diplomatas próximos à AIEA disseram que o desaparecimento de vários itens nucleares não foi resultado de saques. Eles afirmaram que a remoção de equipamento de uso duplo - que era identificado e monitorado pela AIEA antes da guerra, para assegurar que não seria reutilizado em um programa de fabricação de armas de destruição em massa - foi planejado e executado por pessoas que sabiam o que estavam fazendo.

"Estamos falando de dúzias de instalações que foram desmontadas," disse um diplomata, sob condição de anonimato. "Grandes números de prédios sendo derrubados, armazéns esvaziados e removidos. Isso demandaria maquinaria pesada, equipamento de demolição. Não é algo que se faz da noite para o dia."

Medo de proliferação

Diplomatas em Viena dizem que a AIEA está preocupada com estas instalações, as quais pertenciam ao programa de Saddam Hussein, anterior a 1991. Elas poderiam ter sido encaixotadas e vendidas a um país ou a militantes interessados em armas nucleares.

Um diplomata disse que havia "dúzias de instalações" que gradualmente desapareceram das fotos por satélite analisadas por especialistas da AIEA.

O especialista independente Alex Standish, editor da publicação Jane's Intelligence Digest, disse que o material nuclear iraquiano relacionado a armas e monitorado pela ONU antes da invasão já tinha sido localizado na Europa. O Óxido de urânio puro, aparentemente iraquiano, foi encontrado em Roterdã em dezembro passado, disse ele.

Em 1991, a AIEA detectou o programa nuclear clandestino de Saddam e passou os sete anos seguintes investigando e desmontando o sistema. Quando os inspetores da ONU deixaram o país, em dezembro de 1998, o programa iraquiano para fabricar uma bomba atômica tinha sido desmantelado.

Depois de voltar ao país árabe em novembro de 2002 até ser expulsa em março de 2003, a AIEA estava confiante de que nenhum equipamento de uso duplo no Iraque estava sendo utilizado em um programa de fabricação de armas.




Fonte: Reuters

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