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Nacional
Quarta - 13 de Outubro de 2004 às 21:58

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Brasília – O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou hoje, em palestra na aula inaugural do curso de Relações Internacionais, da Universidade de Brasília, que em mais de 40 anos de vida diplomática, nunca viu tamanha mobilização em torno de um tema na Organização das Nações Unidas (ONU) como aconteceu quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva levantou a questão da fome, durante a última reunião da entidade, em setembro de 2004.

Na reunião, liderada por Brasil, França, Espanha e Chile, 107 países assinaram a Declaração de Combate à Fome.

O ministro lembrou que um dos passos importantes para consolidar o presidente como interlocutor internacional foi a viagem que ele fez do Fórum Mundial de Porto Alegre para o encontro de Davos, na Suíça, logo no início de seu mandato. “Lá, ele mostrou a que vinha e ganhou respeito. Lula conseguiu algo raro: colocou a fome entre os temas mais discutidos e debatidos, inclusive entre as nações mais ricas, que tradicionalmente evitam esse tipo de problema”.

Celso Amorim disse aos estudantes que as ações internacionais promovidas pelo governo brasileiro têm dado destaque ao país no exterior. “Um dos aspectos que mostram isso foi o jogo da seleção brasileira de futebol no Haiti. Apesar de não ter sido um encontro com agentes diplomáticos tradicionais (embaixadores, diplomatas, secretários...), foi um grande ato pela paz no país e reuniu mais de um milhão de pessoas nas ruas, sem nenhum incidente registrado. A aproximação com os países africanos também é um sinal disso”,afirmou.

O ministro ressaltou a prioridade que o Brasil dá ao Mercosul e a importância da Argentina no processo de consolidação desse mercado. “É uma alta prioridade, além de ser o principal parceiro internacional do país. Hoje o Mercosul só existe porque houve entendimento entre as duas nações. O bloco continua sendo prioridade do governo Lula e do Estado brasileiro. Na América do Sul a integração virá de qualquer maneira. Resta saber como: se pelo contrabando, narcotráfico e violência ou pela diplomacia, desenvolvimento e tecnologia. Preferimos a segunda via, mas é preciso um certo esforço político para que isso aconteça. É preciso até um dedinho divino para ajudar a diplomacia. A integração que queremos deve ser feita no dia a dia. A União Européia, por exemplo, só deu certo porque era o compromisso de todos”.

O chanceler também ressaltou a importância da última viagem do presidente Lula à Nova Iorque para a reunião de chefes de Estado. Ele destacou o G4, formado por Alemanha, Índia, Japão e Brasil, que pleiteiam um assento permanente no Conselho de Segurança e ganharam grande respaldo internacional pela variedade que representam.

“São direcionamentos político-sociais e econômicos diferentes, além da representação de diversas religiões. Pela primeira vez, o desenho da reforma da ONU começou. Apesar disso, ainda existe a crença de que um conselho pequeno seria mais eficaz e efetivo (em termos de apoio das demais nações reunidas na ONU). Mas isso não é verdade. O Brasil é candidato a uma vaga desde 1945, mas isso até hoje não se efetivou. Para que o conselho seja legítimo, deve ser representativo, ou ao menos seja visto assim”, afirmou o ministro.

Com informações da Universidade de Brasília.




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