Esposas de dissidentes presos escrevem cartas a Fidel Castro

As esposas de dois dissidentes do chamado "Grupo dos 75" presos enviaram nesta terça-feira cartas ao presidente de Cuba, Fidel Castro, pedindo a libertação de seus maridos.

Gisela Delgado, mulher do sociólogo Héctor Palacios, e Yamilé de Los Angeles Llanes, esposa de José Luis García Paneque, entregaram as cartas dirigidas a Castro na sede do Conselho de Estado.

Em sua missiva, Delgado lembra que Palacios, de 63 anos, foi condenado "injustamente" a 25 anos de prisão e diz que o "grave estado de saúde" de seu esposo faz com que ele corra risco de morte.

Segundo Delgado, seu marido, preso em uma cela do Hospital Provincial Abel Santamaría de Pinar del Río (a cerca de 150 quilômetros de Havana), sofre de hipertensão, tem problemas gástricos, inflamação em uma perna, artrose degenerativa e toxoplasmose.

"A esperança de vida de um cubano é de 70 anos. Meu marido é um homem de 63 anos. Submetê-lo a estas condições desumanas prejudicou sua saúde e reduziu seu tempo de vida", acrescenta a carta.

"O senhor, Presidente, como máxima autoridade deste país, tem a solução em suas mãos", conclui Delgado.

Llanes, por sua vez, expressa sua preocupação coma vida de seu marido, médico e jornalista independente de 39 anos, que sofre de desnutrição severa, leucocitose e um quadro de diarréia crônico prolongado que fez com que ele perdesse mais de 30 quilos desde que foi preso, em março de 2003.

Se não houver uma resposta por parte das autoridades cubanas, "a única situação será voltar a nos sentar na praça e esperar", disse Delgado à EFE.

"Eu não vou esperar o corpo do meu marido. Não quero vê-lo morto. Quero recuperá-lo com vida", insistiu Delgado, uma das mulheres que participaram, na semana passada, de um insólito motim feito em um parque próximo à Plaza de la Revolución de Havana.

Tanto Palacios como García Paneque foram condenados no ano passado em julgamentos sumários que levaram à prisão 75 dissidentes, acusados de atentar contra a independência do Estado, conspirar com os Estados Unidos e socavar os princípios da revolução.