vens em vulnerabilidade aprovam escolinha de futebol
Alegria, descontração e disciplina. Tais predicados podem ser encontrados todas as terças e quintas no campo de futebol de Associação Mato-grossense de Magistrados (AMAM), local onde os alunos da Escola Estadual Rodolfo Augusto Trechaud e Curvo, localizada no bairro Residencial Paiaguás, participam do Projeto Escolinha de Futebol.
Há seis meses, jovens de 7 a 14 anos, enquadrados como socialmente vulneráveis, foram escolhidos para participar gratuitamente da iniciativa, graças ao convênio firmado entre a Associação e o Programa de Ação Social da Unimed Cuiabá (PróUnim) em fevereiro.
Inicialmente, cerca de 60 alunos foram beneficiados. A Associação fornece o espaço para que os jovens treinem duas vezes por semana e o PróUnim é o responsável pela manutenção do projeto, desde a escolha dos contemplados, custeio do treinador até o fornecimento de uniformes.
Nas aulas são repassados os fundamentos do futebol como posse e domínio de bola e atividades de coordenação motora. A prática fica por conta do treino coletivo. “É a hora que eu mais gosto”, não se contém o pequeno Fabrício Patrick dos Santos, de 10 anos, que se espelha no jogador do Barcelona Messi. Para permanecer na escolinha é preciso ter bom desempenho em sala de aula. “Antes não conseguia ler e agora melhorei. Tenho certeza que vou passar de ano”, revela timidamente. Wesllen Maciel dos Santos, de 12 anos, que também integra a turma, confirma o novo perfil do amigo. “Ele melhorou muito mesmo”
Welton Araújo Rodriguez, de 10 anos, reconhece que mudou depois que passou a frequentar a escolinha. “Eu brigava, xingava todo mundo. Também tirava notas ruins”, dispara. “Mas o professor me ensinou que para ser o capitão do time eu preciso dar exemplo e por isso eu mudei”, explica. O falante Nelson Neto Rodrigues da Silva, de 11 anos, também retrata um comportamento mais adequado. “Eu ficava atormentando os meus colegas em sala e falava palavrão”, confessa. “Agora, a escolinha, além de me ajudar a perder peso, está me ajudando a ser uma pessoa melhor”, completa.
O incentivo da família também é importante para o resultado positivo da iniciativa. Consciente disso, a dona de casa Janete Camargo Figueiredo, 32 anos, acompanha os três filhos no treino: Kaio, 9, Kauan, 8, e Bernando, 7. “Fico contente com cada gol, vibro, torço, me emociono”, diz. “Não há um só dia de treino que os meninos não ficam ansiosos para participar e por isso, eu só tenho a agradecer essa iniciativa e espero que ela permaneça por muitos anos”, acrescenta.
Segundo o técnico Gerson Lopes, que coordena as turmas, já é perceptível a mudança de comportamento dos alunos, especialmente aqueles que tinham, no início das aulas, uma conduta mais agressiva. “Isso significa que estamos alcançando o nosso objetivo que é levar noções de civilidade, educação e respeito ao próximo por meio do esporte”, pontua. E ex-jogador do Flamengo e do Goiás revela que a iniciativa já conta com lista de espera. “Fico muito feliz por fazer parte de uma iniciativa que, de fato, alia esporte com cidadania”, completa.
Para o presidente da AMAM, Agamenon Alcântara Moreno Júnior, os relatos são a prova de que é possível aproximar o Judiciário da sociedade, com ações mais diretas. “Estamos muito felizes com a adoção dessa iniciativa que vem colhendo frutos entre os alunos que participam da escolinha”. O magistrado lembra ainda que a AMAM foi declarada entidade de utilidade pública estadual, em 1974, e municipal, em 2006, e por isso deve cumprir com essa atribuição.
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