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Cidades/Geral
Segunda - 11 de Outubro de 2004 às 18:51
Por: Rosi Medeiros

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Reeducandos da Penitenciária Regional do Pascoal Ramos, que fazem parte do programa Nova Chance, estão trabalhando na reforma de móveis da ala de enfermaria da pediatria do hospital Santa Casa de Misericórdia, uma instituição filantrópica que atende em sua maioria pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) em Cuiabá. A reforma, sem nenhum custo para a instituição, está sendo feita por meio de um convênio, com o hospital, da Associação Jet Vida e Governo do Estado.

Os presos estão recuperando 100 peças, como berços, camas, mesa de cabeceira e estrutura de suporte de soro. A ala da pediatra do hospital tem 74 leitos, todos conveniados ao SUS. A maioria das peças reformadas é berços e camas de metal, se a instituição tivesse que comprar teria um gasto de R$ 900 a R$ 1,2 mil por unidade.

Além do aprendizado de uma nova técnica, os reeducandos também estão cientes da importância do trabalho que estão prestando para a instituição. "É um trabalho muito gratificante. Nós estamos fazendo com muito carinho", disse o detento Ivandro Maia da Costa, 37 anos, condenado a 16 anos de prisão, há 10 meses trabalhando no programa. "Achei a idéia excelente. Também vamos ajudar as crianças que precisam", disse Ivandro, que é casado e tem um filho pequeno.

A reforma dos móveis e mais uma nova experiência profissional para os detentos. Eles já trabalham na construção de 207 casas populares, no conjunto habitacional no bairro Pedra 90, que faz parte do Programa Habitacional Meu Lar. Na área da construção civil, os presos apreendem 12 tipos de serviços: área elétrica, hidráulica, tijolamento, reboco, estrutura metálica e outros.

"Tenho aprendido muito aqui", disse a detenta Alessandra Emília Rodrigues, 20 anos, condenada a seis anos de prisão. No meio de centenas de berços para reforma, Alessandra, diz que muitas vezes faz o trabalho com o pensamento longe dali. "Bate a saudade imensa dos meus filhos", revelou. Alessandra tem três filhos com 4, 3 e 2 anos de idade. "Faz um ano e quatro meses que estou presa e não vejo eles", informou.

A inclusão no Programa Nova Chance permite a Alessandra e outros 25 reeducandos, inscritos atualmente, a reduzirem o tempo de prisão. A cada três dias de trabalho, eles têm redução de um dia do tempo da condenação. Os reeducando recebem uma remuneração de três quartos de um salário mínimo (valor estipulado por lei), mais uma cesta básica para seus familiares.

O programa é desenvolvido numa parceria do Governo com o Grupo Cedros, empresa do ramo de arquitetura e construções. Desde janeiro do ano passado, quando teve início as atividades, 22 reeducandos tiveram o benefício da redução da pena, passando para o regime semi-aberto ou liberdade condicional. Os familiares dos detentos contam ainda com orientação e acompanhamento de uma equipe formada por psicóloga e assistente social, da Associação Jet Vida (entidade sem fins lucrativos criada pelo Grupo Cedros) e profissionais da secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública (Sejusp).

A Sejusp é responsável pela seleção dos presos e acompanhamento deles no programa. A qualificação profissional é o principal instrumento para que o detento, depois do cumprimento da pena, não volte a cometer crimes. "Acreditamos que na busca da ressocialização, e em muitos casos é socialização mesmo, o essencial no tratamento penal é um trabalho de educação e do vínculo familiar", disse o secretário adjunto do Sistema Prisional da Sejusp, Sebastião Ribeiro. Ele informou que outro projeto em estudo, de qualificação profissional, é o funcionamento de uma serralheria. Outras secretarias envolvidas no programa Nova Chance são: a secretaria de Estado de Infra-Estrutura (Sinfra) e secretaria de Trabalho, Emprego e Cidadania (Setec).

NOVO AMBIENTE - Dos 100 móveis que estão sendo reformados, 20 estavam sendo usados de forma precária e o restante sem utilização, guardados num depósito do hospital. A restauração dos móveis irá contribuir para reforma que está sendo feita na ala de pediatria do hospital, por meio de doações e colaboração de voluntários. "Vai proporcionar uma acomodação melhor. Uma cama, um berço bonito, uma parede com pintura nova, torna o ambienta mais agradável e ajuda a amenizar o sofrimento", disse a diretora administrativa do hospital, Candelária Elizabeth Oliveira Sabóia.

"A nossa meta para 2005 é reformar todas as camas e mobília, que estão inutilizadas, dos hospitais da rede pública de saúde de Cuiabá e Várzea Grande", informou o empresário Salim Rahal. Ele informou que as metas são ainda mais ousadas, para 2006 eles pretendem reformar todos o mobiliário dos hospitais da rede pública de todo Estado. "Os empresários que quiserem participar podem entrar em contato conosco", convidou. O telefone para empresas que quiserem participar do projeto para reforma dos móveis é o 626-3333.




Fonte: Secom - MT

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