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Mortalidade em MT é uma das maiores
O índice de mortalidade infantil entre os índios bate tristes recordes em Mato Grosso. No distrito indígena caiapó, por exemplo, cerca de 108 crianças em cada grupo de 1000 nascidas morrem antes de completar o primeiro ano de vida. A situação só é pior do que o quadro estadual em outros quatro distritos do país. Numa tentativa de reverter o problema, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) lançou ontem um manual para profissionais que atuam com as comunidades.
A saúde das crianças índias corre riscos muito maiores do que a de meninos e meninas da zona urbana – daí a necessidade de um tratamento diferenciado. A taxa de mortalidade nas aldeias do Brasil é de 55,8%. No restante da população brasileira, o percentual é de 29,6%. Aliada a isso, a pouca cobertura vacinal ajuda a empurrar as estatísticas para baixo.
Apesar de parecer inconcebível dentro dos conceitos de saúde pública, desnutrição, pneumonia e diarréia ainda fazem vítimas fatais nas etnias. Elas são responsáveis por 75,8% das mortes registradas em crianças indígenas de até cinco anos e por 45% dos óbitos daquelas com menos de um ano de idade.
Mais difícil ainda é entender o porquê das estatísticas se 70% das deficiências (como a desnutrição) podem ser evitadas com o acompanhamento apropriado durante a gestação, durante o parto e após o nascimento “com medidas simples e baratas”, de acordo com o manual.
Os números, da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), foram o ponto de partida na realização do trabalho. Com eles, identificou-se as principais necessidades. Cada exemplar tem 235 páginas que abordam a prevenção e o tratamento de doenças respiratórias, infecto-parasitárias, dermatológicas, gastro-intestinais, do trato urinário e distúrbios nutricionais.
São diversos os fatores que levam as crianças índias a adoecerem. Um deles é a mudança nos hábitos alimentares. Segundo a freira Ada Gambarotto, da Pastoral da Criança em Terra Indígena, açúcares e refrigerantes são cada vez mais comuns nas refeições dos índios. Além disso, falta saneamento básico em grande parte das aldeias. Aos poucos, a Funasa tem construído poços e fossas nas comunidades.
Mas talvez o maior problema seja estrutural. Coordenador da elaboração do manual, o pediatra Lincoln Freire, fala em questões “operacionais e de recursos humanos”. “Existem regiões em que o acesso é muito difícil. Já em outras, há dificuldade em armazenar as vacinas adequadamente”, disse.
Segundo Freire, após essa constatação, o grupo de trabalho da SBP entrou em contato com a coordenação nacional do Programa de Imunização para discutir soluções. Já a integrante da Pastoral ataca o sistema de terceirização na rede de atenção à saúde com a contratação de ongs. “A saúde indígena é linda nas leis mas horrível na prática”, afirmou. Segundo ela, que trabalha nas aldeias desde 1969, os recursos seriam melhor administrados se fossem geridos diretamente pela Funasa e pelos índios.
Além dos aspectos técnicos, como a orientação nas condutas médicas, o manual não esqueceu da humanização do atendimento. Nas páginas, há recomendações para que o médico e o agente de saúde procurem aprender algumas palavras da língua da etnia que atendem. Em Rorâima, outro passo importante foi dado: os hospitais têm alojamentos conjuntos com redes para os pacientes indígenas. Em Manaus, pequenos dicionários estão começando a ser distribuídos para os profissionais da saúde.
“Quando adoecemos, estamos emocionalmente fragilizados, precisamos ter atenção, ser cuidados. Imagine alguém que sai da selva e vai para um hospital e fica em um quarto de terapia intensiva cheio de aparelhos?”, compara o pediatra.
Outra tendência é de que os agentes de saúde sejam, de preferência, gente da comunidade. “Capacitamos os índios. O objetivo é fazer com que eles sejam sujeitos da sua própria história. Aí temos a pastoral com rosto xavante, com rosto caiapó. Ajudamos a comunidade a ter mais auto-estima, saber que não é só o pediatra que salva, mas também a mãe, o agente de saúde”, explica Ada.
A saúde das crianças índias corre riscos muito maiores do que a de meninos e meninas da zona urbana – daí a necessidade de um tratamento diferenciado. A taxa de mortalidade nas aldeias do Brasil é de 55,8%. No restante da população brasileira, o percentual é de 29,6%. Aliada a isso, a pouca cobertura vacinal ajuda a empurrar as estatísticas para baixo.
Apesar de parecer inconcebível dentro dos conceitos de saúde pública, desnutrição, pneumonia e diarréia ainda fazem vítimas fatais nas etnias. Elas são responsáveis por 75,8% das mortes registradas em crianças indígenas de até cinco anos e por 45% dos óbitos daquelas com menos de um ano de idade.
Mais difícil ainda é entender o porquê das estatísticas se 70% das deficiências (como a desnutrição) podem ser evitadas com o acompanhamento apropriado durante a gestação, durante o parto e após o nascimento “com medidas simples e baratas”, de acordo com o manual.
Os números, da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), foram o ponto de partida na realização do trabalho. Com eles, identificou-se as principais necessidades. Cada exemplar tem 235 páginas que abordam a prevenção e o tratamento de doenças respiratórias, infecto-parasitárias, dermatológicas, gastro-intestinais, do trato urinário e distúrbios nutricionais.
São diversos os fatores que levam as crianças índias a adoecerem. Um deles é a mudança nos hábitos alimentares. Segundo a freira Ada Gambarotto, da Pastoral da Criança em Terra Indígena, açúcares e refrigerantes são cada vez mais comuns nas refeições dos índios. Além disso, falta saneamento básico em grande parte das aldeias. Aos poucos, a Funasa tem construído poços e fossas nas comunidades.
Mas talvez o maior problema seja estrutural. Coordenador da elaboração do manual, o pediatra Lincoln Freire, fala em questões “operacionais e de recursos humanos”. “Existem regiões em que o acesso é muito difícil. Já em outras, há dificuldade em armazenar as vacinas adequadamente”, disse.
Segundo Freire, após essa constatação, o grupo de trabalho da SBP entrou em contato com a coordenação nacional do Programa de Imunização para discutir soluções. Já a integrante da Pastoral ataca o sistema de terceirização na rede de atenção à saúde com a contratação de ongs. “A saúde indígena é linda nas leis mas horrível na prática”, afirmou. Segundo ela, que trabalha nas aldeias desde 1969, os recursos seriam melhor administrados se fossem geridos diretamente pela Funasa e pelos índios.
Além dos aspectos técnicos, como a orientação nas condutas médicas, o manual não esqueceu da humanização do atendimento. Nas páginas, há recomendações para que o médico e o agente de saúde procurem aprender algumas palavras da língua da etnia que atendem. Em Rorâima, outro passo importante foi dado: os hospitais têm alojamentos conjuntos com redes para os pacientes indígenas. Em Manaus, pequenos dicionários estão começando a ser distribuídos para os profissionais da saúde.
“Quando adoecemos, estamos emocionalmente fragilizados, precisamos ter atenção, ser cuidados. Imagine alguém que sai da selva e vai para um hospital e fica em um quarto de terapia intensiva cheio de aparelhos?”, compara o pediatra.
Outra tendência é de que os agentes de saúde sejam, de preferência, gente da comunidade. “Capacitamos os índios. O objetivo é fazer com que eles sejam sujeitos da sua própria história. Aí temos a pastoral com rosto xavante, com rosto caiapó. Ajudamos a comunidade a ter mais auto-estima, saber que não é só o pediatra que salva, mas também a mãe, o agente de saúde”, explica Ada.
Fonte:
Diário de Cuiabá
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/372670/visualizar/
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