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Internacional
Sexta - 08 de Outubro de 2004 às 14:48

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O embargo à venda de armas para a China será suspenso em 2005, porque esse é o desejo da maioria dos países da UE, disse nesta sexta-feira o presidente francês, Jacques Chirac, embora a presidência da União não expresse o mesmo otimismo.

"A França é a favor da suspesão do embargo, porque o contrário é um exemplo de desconfiança", declarou Chirac em Hanói momentos antes da viagem a Pequim, depois de assistir à V cúpula Ásia-Europa (Asem).

Esta opinião, segundo o presidente, é compartilhada "pela maioria dos países da União", e outros como Japão "não põem objeções", por isso é muito provável que se decida acabar com a proibição "em meados do próximo ano".

A União Européia impôs ao país asiático o embargo da venda de armas por causa dos massacres da praça de Praça da Paz Celestial, em 1989, que deixaram mais de dois mil mortos.

Apesar da difícil situação da indústria de armamentos européia, e da China continuar sendo o maior importador de armas do mundo, os países membros mantêm duas posturas diferentes.

Por um lado, os partidários da suspensão do embargo, similar ao imposto pela UE a Birmânia, Sudão e Zimbábue, argumentam que é paradoxal manter essa medida 15 anos depois, enquanto ao mesmo tempo a Europa estreita as relações com China. Essa é a posição de Alemanha, Bélgica e, sobretudo da França.

Os críticos alegam que não é lógico dar esse passo, tendo em vista a deficiente situação dos direitos humanos no país e o perigo do aumento dos atritos com Taiwan.

A opinião do governo espanhol foi expressada hoje pela vice-presidente, María Teresa Fernández de la Vega, depois de reunir-se em Hanói com o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao.

Fernández de la Vega disse simplesmente que se trata de "uma questão européia", embora fontes do governo espanhol tenham comentado que em princípio existe uma "visão positiva".

A confiança do presidente francês, que assegurou que o governo chinês "não tem intenção de burlar as normas" de segurança internacionais se a UE declarar o fim do embargo, entra em confronto com a opinião da atual presidência holandesa da União.

Segundo Bernard Bot, ministro de Exteriores da Holanda, país que exerce neste momento a presidência da UE, "esta não é uma causa de preocupação nova, mas a decisão final dependerá de 25 países", o que complica a situação.

"É uma decisão que depende de 25 países e de 25 parlamentos e, portanto, mesmo que a presidência faça tudo o que estiver a seu alcance para chegar a uma solução, será difícil", assegurou o ministro em entrevista coletiva.

O primeiro passo para cumprir sua promessa será tomado na próxima segunda-feira, já que Bot tem a intenção de colocar em debate este assunto no Conselho de ministros de Exteriores da UE, que se reunirá em Luxemburgo.

O resultado do debate será apresentado pessoalmente pelo primeiro-ministro da Holanda, Jan Peter Balkenende, como presidente da UE, ao premier chinês, Wen Jiabao, na cúpula UE-China que se realizará em Haia em dezembro.

Perguntado a respeito pelos jornalistas durante a V cúpula Asem, Wen Jiabao se limitou a dizer que a posição da União Européia "não é a apropriada".

Para que se adote uma mudança na política européia sobre a venda de armas à China, é fundamental a opinião do Parlamento Europeu (PE), que há um ano aprovou uma resolução contra.

Nenhum dos partidos majoritários, dos Populares aos Verdes, passando pelos Socialistas e Liberais, apóia por enquanto a mudança de posição da União Européia, por considerar que o desenvolvimento dos direitos humanos na China é ainda insuficiente.




Fonte: EFE

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