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Internacional
Sexta - 08 de Outubro de 2004 às 13:35

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O julgamento de um senhor da guerra afegão acusado de torturas e conspiração para seqüestros em seu país antes da chegada do regime Talibã começa nesta sexta-feira no tribunal londrino de Old Bailey.

O acusado, Faryadi Sarwar Zardad, de 42 anos, nega ter cometido os crimes no período de 31 de dezembro de 1991 a 30 de setembro de 1996, quando era comandante do distrito de Sarobi, na província de Cabul.

Zardad se mudou para o Reino Unido em 1998 e trabalhava em uma pizzaria no sul de Londres quando foi detido, em 14 de julho de 2003, pela brigada antiterrorista da Scotland Yard.

O juiz Cumulam Tracy reconheceu que se trata de um julgamento atípico, já que se refere a "fatos que aconteceram há muito tempo e, além disso, em um país estrangeiro". "É ainda menos habitual julgar assuntos quando o acusado não é britânico e as vítimas também não", acrescentou Tracy.

No entanto, justificou a intervenção da Justiça britânica ao dizer que os crimes de que o comandante afegão é acusado "são tão odiosos e representam tal afronta à lei que podem ser julgados em qualquer país".

"Zarzad foi detido na Inglaterra, e uma convenção internacional e as próprias leis inglesas permitem submeter a julgamento neste país qualquer responsável por torturas ou seqüestros, independentemente de onde foram cometidos", disse o juiz.

Alguns testemunhas prestarão depoimento do Afeganistão e possivelmente do Paquistão graças a uma conexão por vídeo.

No dia seguinte a sua detenção na capital britânica, Zardad foi acusado formalmente de 16 crimes cometidos durante a guerra civil afegã, no início dos anos 90.

Entre 1992 e 1996, Zardad teve plena autoridade sobre uma parte do território afegão a cerca de 80 quilômetros de Cabul, no qual ele e seus soldados criaram um ambiente de terror.

O acusado tinha fama de cruel nos controles militares vigiados por seus soldados, que obrigavam qualquer um que os atravessasse a deixar dinheiro e mercadorias. Como exemplo de sua brutalidade, é citado o fato de que um de seus lugar-tenentes, chamado Abdula Shah, dedicava-se a morder os prisioneiros.

No Afeganistão, Zardad participou do partido islâmico conservador Hizb-i-Islami, dirigido por Gulbuddin Hekmatiar, líder mujahedin que chegou a primeiro-ministro do país no início dos anos 90, durante a guerra civil do país.

Hekmatiar é atualmente um foragido da Justiça que se aliou ao Talibã, expulso do poder pela intervenção americana no final de 2001, e seus soldados protagonizam atualmente uma rebelião no sudeste do país asiático.




Fonte: EFE

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