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Internacional
Sexta - 08 de Outubro de 2004 às 10:42

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O Comitê Norueguês do Nobel anunciou nesta sexta-feira a escolha da ativista queniana Wangari Maathai, vice-ministra do Meio Ambiente de seu país, para o Prêmio Nobel da Paz, por sua contribuição para o desenvolvimento sustentável, a democracia e a paz.

"A paz no mundo depende de nossa capacidade de preservar o meio ambiente. Maathai está à frente da luta para promover um desenvolvimento ecológico viável social, econômica e culturalmente, no Quênia e na África", justificou o comitê.

A vencedora "tem uma visão global do desenvolvimento sustentável que abraça a democracia, os direitos humanos e em particular os direitos da mulher. Pensa de forma global e atua em nível local".

Nascida em 1940, no Quênia, Maathai tem três filhos e foi uma das primeiras mulheres da África ocidental a conseguir um doutorado universitário - em Biologia -, a primeira professora em Anatomia veterinária e primeira decana de sua faculdade, na Universidade de Nairóbi.

"Será também a primeira mulher da África a receber o Prêmio Nobel da Paz e a primeira africana do vasto território, que vai da África do Sul ao Egito, a ser contemplada com o prêmio", ressaltou o Comitê Nobel ao anunciar o prêmio.

Maathai é fundadora do movimento Cinturão Verde, programa que combina desenvolvimento comunitário e proteção ambiental - o mais bem-sucedido do mundo - e propaga entre os milhares de quenianos que vivem em situação de pobreza a simples idéia de que plantar árvores melhorará suas vidas, a de seus filhos e netos.

Esse movimento, integrado especialmente por mulheres - "Não podemos esperar sentadas para ver nossos filhos morrerem de fome", repetia Maathai -, conseguiu plantar desde seu início, no final dos anos 70, cerca de 30 milhões de árvores, e criou 5 mil creches.

Maathai, destaca o Comitê Nobel, "representa um exemplo e uma força de inspiração para todo aquele na África que luta pelo desenvolvimento, a democracia e a paz".

Além disso, lembra que a premiada combateu com coragem a opressão no Quênia e que suas "formas de ação contribuíram para chamar a atenção nacional e internacional sobre a opressão política".

Defensora do perdão da dívida externa do Terceiro Mundo, Maathai sempre foi uma firme opositora do regime ditatorial de Daniel Arap Moi, o que a levou várias vezes à prisão.

Os membros do Comitê Nobel avaliaram as atividades de Maathai que, em sua atuação, "combina ciência, compromisso social e política ativa", e que "mais que se ocupar da simples proteção do ambiente a sua volta, sua estratégia é assegurar as bases do desenvolvimento ecológico sustentável".

"Proteger as florestas contra a desertificação é um fator vital nos esforços por preservar o meio ambiente", diz o comitê, acrescentando que "mediante a educação, o planejamento familiar, a nutrição e luta contra a corrupção, o Movimento Cinturão Verde abriu caminhos para o desenvolvimento a partir de baixo".

"Achamos que Maathai é uma forte voz que fala pelas melhores forças na África na promoção da paz e por melhores condições de vida no continente", destaca o Comitê Nobel.

O prêmio é dotado com 1,1 milhão de euros e será entregue no dia 10 de dezembro, aniversário da morte de Alfred Nobel.

Em primeiras declarações à cadeia norueguesa de televisão "TV2", a vencedora disse que a maior parte desse dinheiro será destinada ao trabalho em favor do meio ambiente. "Sabia que nosso trabalho era importante, mas nunca havia sonhado receber tal reconhecimento", disse.

O Nobel da Paz, um dos mais esperados, sucede aos de Medicina, Física, Química e Literatura divulgados ao longo desta semana. O anúncio dos premiados é encerrado na próxima segunda-feira, com o de Economia.




Fonte: EFE

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