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Repórter News - reporternews.com.br
Internacional
Quinta - 07 de Outubro de 2004 às 16:23

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O presidente dos EUA, George W. Bush, afirmou hoje, quinta-feira, que tomou a decisão "correta" ao invadir o Iraque, em uma tentativa de fazer frente ao dano político causado por um relatório que certificou que esse último país não tinha armas de destruição em massa.

"Fizemos o correto ao entrar em ação", disse Bush em uma breve declaração na Casa Branca, na qual emitiu sua primeira reação ao relatório apresentado na quarta-feira pelo Grupo de Busca, que destaca que o Iraque não tinha armas proibidas e não as fabricava desde 1991.

"O relatório mostra que Saddam Hussein enganava sistematicamente o sistema de inspeções. Ele o fazia com a esperança de retomar seus programas de armas", disse Bush.

O documento, apresentado perante o Senado pelo inspetor-chefe de armas dos EUA, Charles Duelfer, e divulgado pela CIA (inteligência americana) na Internet, foi um duro golpe aos principais argumentos de Bush e de seu governo para justificar a guerra no Iraque.

Além disso, o relatório chegou depois de o ex-administrador americano do Iraque, Paul Bremer, ter admitido que os EUA nunca tiveram tropas suficientes nesse país para controlar a violência de forma eficaz.

"O relatório Duelfer, as críticas de Bremer e os mais de 1.000 soldados mortos no Iraque debilitaram a afirmação de Bush de que a situação no Iraque melhora e que ele pode ser um líder em política externa", disse à EFE Allan Lichtman, um cientista político da American University (Washington) especialista em eleições.

Lichtman disse que a sucessão de eventos no Iraque "fizeram um dano indubitável a Bush, embora não muito grande, e fizeram sua credibilidade diminuir", sobretudo em política externa e de segurança, que é seu ponto forte entre o eleitorado.

No entanto, considerou que a campanha do presidente conseguiu disfarçar o dano político porque o candidato democrata à Casa Branca, John Kerry, "não promete nada diferente no Iraque, exceto implicar mais países que com toda probabilidade não vão querer levar tropas".

Bush insistiu hoje na nova retórica da Casa Branca, que tenta justificar agora a guerra na "intenção" de Saddam Hussein de voltar a fabricar armas de destruição em massa assim que as sanções da ONU fossem suspensas.

O vice-presidente, Dick Cheney, afirmou hoje em Miami (Flórida), que essa intenção do ex-líder iraquiano era suficiente para justificar a invasão.

Saddam "tinha todas as intenções de voltar (a esse tipo de armas) assim que as sanções fossem suspensas", ressaltou Cheney em um comício, no qual disse que "esperar não era uma opção".

David Kay, que foi o primeiro chefe do Grupo de Busca até sua demissão neste ano, opinou que a estratégia do governo de insistir nas intenções de Saddam Hussein pode ser contraproducente.

"Eu não insistiria muito nisso, porque como destaca o relatório Duelfer e como já tínhamos afirmado antes, não encontramos planos reais para retomar a produção de armas de destruição em massa", disse hoje Kay em declarações a CNN.

Dentro desta nova retórica, Bush, em seu discurso da quarta-feira em Wilkes-Barre (Pensilvânia), insistiu que o derrocado presidente iraquiano era um perigo para os Estados Unidos, mas eludiu cuidadosamente qualquer alusão às armas de destruição em massa.

Bush, por outro lado, lançou seus ataques a seu adversário democrata, John Kerry, cuja eventual vitória eleitoral disse, será um perigo para o país, porque "propõe políticas e doutrinas que tornarão os EUA mais fracos e o mundo, um lugar mais perigoso".

A campanha republicana tenta converter a eleição em um referendo sobre Kerry, não sobre a gestão do atual presidente.

No entanto, a campanha de Kerry, que tinha convertido a guerra e a ocupação do Iraque no eixo dos ataques ao governo nas últimas semanas, encontrou novas armas com as quais criticar o governo Bush.

Um porta-voz de Kerry afirmou hoje que o relatório Duelfer "ressalta a incompetência da política de George W. Bush no Iraque", e acusou o presidente de se recusar a "dizer a verdade sobre como enganou o país para ir à guerra".




Fonte: EFE

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