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Internacional
Terça - 05 de Outubro de 2004 às 14:39

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Com a ajuda da comunidade internacional, o Afeganistão se prepara para suas primeiras eleições presidenciais e tenta construir um novo Estado, após três décadas de instabilidade e guerras que deixaram o país em ruínas.

Dezoito candidatos concorrem no pleito do próximo sábado, no qual o favorito é o presidente interino, Hamid Karzai, da etnia pashtun, à qual pertencem 39% da população, e que conta com um forte apoio internacional.

O tadjique Yunus Qanuni, cuja etnia representa 31% da população e que tem o apoio dos ministros da Defesa, Mohammed Fahim, e de Exteriores, Abdula Abdula, é o único que poderia fazer sombra a Karzai.

O resto dos candidatos tem poucas chances de obter um grande apoio. Dentre eles, destacam-se o polêmico "o senhor da guerra" uzbeque Abdul Rashid Dostum e a única mulher candidata, a pediatra Massouda Jalal.

No próximo sábado, 11,5 milhões de eleitores, quase a metade dos cerca de 24 milhões de cidadãos, poderão votar em 25.000 mesas no país e em outras aproximadamente 1.700 no Paquistão e no Irã.

Com a ajuda da ONU, as autoridades cadastraram no Afeganistão mais de 10,5 milhões de eleitores - 41% dos quais são mulheres -, e cerca de mais um milhão no Paquistão e no Irã, onde está a maioria dos 2,5 milhões de refugiados que restam depois de três décadas de êxodo iniciadas com a queda do rei Zahir Shah, em 1973.

O procedimento eleitoral foi simplificado e os eleitores terão uma única cédula, impressa no Canadá, na qual aparecem as fotografia, os símbolos e os nomes dos 18 candidatos, com um quadro junto a cada um deles, para que os eleitores indiquem seu preferido.

Serão distribuídas 30.000 urnas fabricadas na Dinamarca e haverá mesas separadas para homens e mulheres, que depois de votar receberão na mão um carimbo com tinta indelével, dada pela Índia, para que não o façam duas vezes.

Com o fim da votação, as urnas serão levadas a aproximadamente 5.000 centros de apuração, onde o trabalho será feito na presença de observadores nacionais e internacionais. Os resultados definitivos devem ser divulgados em uma semana.

Os mais de 130.000 agentes eleitorais contam com o apoio de vários helicópteros, centenas de caminhões e milhares de outros veículos para a distribuição e o recolhimento das urnas e para o transporte do pessoal.

A segurança das eleições é a maior preocupação dos afegãos e da comunidade internacional. A inquietação é provocada pela violência que impera no país e pelas pressões e ameaças que os eleitores têm recebido dos "senhores da guerra" e chefes tribais, que tentam favorecer seus candidatos.

Aproximadamente 18.500 soldados americanos e 9.500 de cerca de trinta países participantes da Força Internacional de Assistência à Segurança no Afeganistão (Isaf), junto à polícia e ao exército nacionais, tentarão garantir o desenvolvimento normal das votações.

O grupo extremista islâmico Talibã e a rede terrorista Al Qaeda promovem um boicote ao pleito.

Karzai, que lidera o governo transitório desde sua designação como presidente interino, na Conferência de Bonn para a Reconstrução do Afeganistão, em dezembro de 2001, promoveu a nova Constituição, que prevê um Estado islâmico com um sistema presidencialista centralista.

Para Karzai, a única forma de construir um Estado sólido em um país tribal e multiétnico, como o Afeganistão, é constituir um governo central forte, livre de pressões dos líderes locais, que possa compensar o desequilíbrio e promover o desenvolvimento.

Se realmente vencer as eleições, Karzai terá que continuar trabalhando em um país arrasado por sucessivas guerras, que o tornaram uma das nações mais pobres do mundo, com 195 dólares de renda per capita anual e a produção e o tráfico de drogas como o setor mais prospero da economia.

Karzai também não tem o controle de todo o país, pois seu novo exército nacional conta, por enquanto, com aproximadamente 12.000 soldados, enquanto os "senhores da guerra", que governam a maioria das províncias, têm por volta de 100.000 milicianos, e há milhares de rebeldes talibãs e da Al Qaeda refugiados nas montanhas.

Os afegãos, em sua imensa maioria cansados das guerras e da pobreza e contando quase exclusivamente com a promessa de uma ajuda internacional de 8,2 bilhões de dólares entre este ano e 2006, têm a esperança de que estas eleições representem um passo decisivo na institucionalização do país e acabem com a miséria e o medo.




Fonte: EFE

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