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Agronegócios
Quinta - 30 de Setembro de 2004 às 10:18

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Autoridades chinesas encontraram sementes contaminadas com o fungicida Carboxin em carregamentos de soja do Brasil e da Argentina que chegaram a portos do país, divulgou ontem a agência oficial de notícias Xinhua.

Entre os meses de abril e junho, a China recusou carregamentos de cinco navios brasileiros, sob o argumento de que havia uma quantidade excessiva de sementes tratadas com Carboxin na soja destinada ao consumo humano ou animal. Depois de recusar os cinco navios, a China suspendeu 23 exportadores de soja brasileiros, o que praticamente paralisou o comércio do produto entre os dois países.

Na época, o fungicida foi encontrado em sementes, misturadas à carga de grãos enviada para os chineses.

Na época, vários analistas de mercado viram no gesto do país asiático uma tentativa de reduzir os preços recordes pelos quais havia comprado a soja. Até agora, não havia registro de soja argentina com o mesmo problema.

O navio da Argentina foi descarregado depois que as autoridades do porto de Huangpu, na Província sulista do Cantão, separaram as sementes com Carboxin e as destruíram. O navio tinha 60,9 mil toneladas de soja, avaliadas em US$ 16,9 milhões.

Ontem, não estava claro qual seria o destino do navio com soja brasileira, atracado no porto de Tianjin, a leste de Pequim. Segundo a agência Reuters, pessoas que trabalham no local disseram que o mais provável seria o descarregamento depois da separação de sementes contaminadas.

O Carboxin é usado no tratamento das sementes antes do plantio e, em tese, não deveria estar na soja colhida e destinada ao consumo humano ou animal. Mas regras internacionais toleram até três grãos por quilo de amostra do carregamento, nível considerado inofensivo. A China não aceitou essas regras e impediu o descarregamento mesmo de cargas brasileiras com baixo índice de Carboxin.

Brasil e China chegaram a um acordo no dia 11 de junho, pelo qual os navios que saíram do Brasil antes desta data poderiam ser desembarcados, desde que os exportadores se encarregassem da limpeza de eventual carga contaminada e elevasse os padrões de qualidade adotados.

Mas não ficou claro o procedimento que seria adotado em relação aos embarques realizados depois do dia 11 de junho --situação dos navios que estão chegando agora na China.

As autoridades brasileiras entenderam que os chineses deveriam tolerar até um grão por quilo de amostra do carregamento, apesar de isso não estar escrito no acordo. Pessoas que acompanharam a negociação concluíram que os chineses poderiam exigir tolerância zero, ou seja, nenhum grão contaminado.

As relações entre exportadores brasileiros e importadores chineses terão outro teste a partir de amanhã, quando entram em vigor novas regras sanitárias para o óleo de soja, em obediência a exigências da OMC (Organização Mundial do Comércio).

Representantes da Embaixada do Brasil em Pequim se reuniram na semana passada com o vice-ministro da Quarentena, Ge Zhirong, para discutir o assunto e receberam a garantia de que nenhum carregamento de óleo de soja será barrado.

Se o produto estiver fora das especificações, ele poderá ser adequado em refinarias chinesas, escutaram os diplomatas.

A China é o maior importador de soja do Brasil e comprou no ano passado 6 milhões de toneladas do produto.

Neste ano, o governo chinês adotou uma série de medidas para tentar desaquecer a economia local, que cresce a um ritmo considerado insustentável (mais de 10% ao ano).




Fonte: Uol

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