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Nacional
Quinta - 16 de Setembro de 2004 às 16:10
Por: João Carlos Caldeira

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Não sei se isso acontece só comigo, mas toda vez que preciso de algum documento, informação ou serviço de alguma repartição pública (federal, estadual ou municipal), me preparo psicologicamente para uma sessão de tortura.

Apesar da maior carga tributária entre os países em desenvolvimento, o serviço público no Brasil ainda é de péssima qualidade (claro que existem honrosas exceções), apesar da melhoria ocorrida nos últimos anos com a informatização e a desburocratização.

Nos últimos dias, pude constatar os dois opostos do serviço público. Fui a vários órgãos para resolver problemas distintos. Passei pelo céu e pelo inferno do serviço público em Mato Grosso.

Minha primeira experiência foi com a Receita Federal, localizada na Av. do CPA, entre o Grande Templo e o Shopping Pantanal. Aliás, abro um parêntese para comentar o caos no trânsito da região, mesmo antes da inauguração do Shopping. Imaginem depois! Cheguei as 15:30 horas, fora do horário de expediente (do setor que eu precisava), o que, aliás, é um dos grandes absurdos no serviço público: não há regra nenhuma, cada órgão, cada repartição, cada setor, funciona no horário que melhor lhe convier, ao seu bel prazer.

Para minha felicidade, encontrei uma caridosa e simpática atendente na recepção, que resolveu meu problema em apenas 3 minutos.

Dirigi-me então, para a Prédio do Procon, também na Av. do CPA, para obter uma certidão negativa da Justiça Eleitoral. Para minha surpresa, recebi um tratamento VIP: cadeira para sentar, atendimento cortês, rapidez, eficiência e ainda gratuito. Saí de lá com minha certidão na mão, em menos de cinco minutos, sem pagar nenhum centavo por ela! Não é impressionante?

De posse da certidão e de diversos outros documentos, fui para o prédio da Polícia Federal, logo em frente, para renovar meu passaporte. Como já havia ligado antes, não faltou nenhum documento, somente a taxa de R$-89, que deveria ser paga no Banco do Brasil, para então dar entrada ao processo. Não tinha fila e o atendimento foi cordial e eficiente.

Até aí tudo bem, ainda estava no céu, o inferno começou quando precisei do serviço público municipal (atenção candidatos!!!), que na minha opinião é o mais despreparado, ineficiente e irritante de todos, pelo menos na capital. Só para citar dois exemplos recentes: coleta de lixo e abastecimento de água, no Distrito Industrial. A coleta de lixo que deveria ser regular (as Terças e Quintas), atrasa até duas semanas, freqüentemente. Sempre que isso ocorre, tenho que telefonar para o encarregado da empresa que presta serviço ao município (atualmente é a Marquise) e pedir o ¨favor¨, a ¨gentileza¨, e o ¨pelo amor de Deus¨ que colete o lixo acumulado. Como pode uma obrigação se tornar um favor? Daí para a corrupção é só um passo!

O caso da Sanecap é mais grave. Apesar da ¨boa vontade¨ do diretor da empresa, estou desde Março deste ano, aguardando a reativação de um poço artesiano (a água no Distrito Industrial de Cuiabá é distribuída apartir de poços artesianos) para regularizar o abastecimento. A peregrinação já conta com dois ofícios, duas visitas à sede, dezenas de telefonemas e duas ameaças de interrupção de pagamento do serviço (não) prestado.

Para se ter uma idéia do absurdo, tive até que pedir ajuda de um Deputado Estadual para que intercedesse junto a Sanecap. Tudo isso para regularizar um serviço, da qual a empresa é remunerada e tem obrigação legar e moral de fornecer a toda a população, pois se trata de um bem de primeira necessidade. Apesar de todo esse esforço, continuo sofrendo diariamente com a falta de água . Se nem o Deputado deu jeito,o que será de nós, pobres mortais e reles cidadãos contribuintes!


Empresário, jornalista, especialista em administração de turismo, hotelaria e lazer.
E-mail: joaocmc@terra.com.br




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