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Terça - 14 de Setembro de 2004 às 16:11
Por: Cecília Jorge

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Pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) revela que o êxodo rural, apesar de ter diminuído na década de 90, ainda é alto, principalmente entre as mulheres jovens. Nesta quinta-feira, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, vai entregar os primeiros créditos rurais para jovens entre 18 e 24 anos dentro do programa Nossa Primeira Terra (Leia a reportagem "Programa de crédito rural para jovens entrega primeiros benefícios").

O Ipea aponta que o Centro-Oeste e o Nordeste são as regiões que mais sofrem com esse problema. Segundo o levantamento, de todos os migrantes rurais do país, 54,6% saíram do Nordeste entre 1990 e 1995. Uma perda de 1,2 milhão de pessoas nesses cinco anos, representando mais de 30% na população rural que vivia na zona rural dessa região no início da década.

De acordo com o estudo, as migrações estão relacionadas diretamente à oferta de trabalho no meio urbano e o predomínio de moças vincula-se à expansão do setor de serviços, tanto em empresas como em residência. Em 1995, aproximadamente 19% da população economicamente ativa nas áreas urbanas brasileiras estavam ocupadas em atividades domésticas.

O secretário de Reordenamento Agrário do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), Eugênio Peixoto, explicou que um dos fatores para que as mulheres sejam maioria em trocar o campo pela cidade é o maior nível de escolaridade. O estudo do Ipea mostra que no Brasil rural 55% dos rapazes têm menos de quatro anos de estudo. Entre as jovens, 42% delas têm menos de quatro anos de estudo.

“Num primeiro momento, as meninas saem e apenas num segundo momento, estão saindo os rapazes. Existem regiões de agricultura familiar completamente hoje você vai identificar um vazio demográfico de juventude. Ficam só os velhos, os pais, as pessoas com nível de idade maior”, explicou Eugênio Peixoto.

Segundo ele, o que se tem verificado em alguns casos é um problema sucessório na propriedade das terras da agricultura familiar porque quando os pais morrem os filhos já não vivem mais na região. “Aquela propriedade que, a princípio, poderia estar ajudando a assentar mais gente na terra e dinamizar a agricultura familiar, estão se transformando em sítios de lazer ou, pior ainda, sendo adquiridas pelo grande agronegócio”, afirmou




Fonte: Agência Brasil

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