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Internacional
Quinta - 09 de Setembro de 2004 às 15:52

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Os Estados Unidos mantiveram até 100 prisioneiros na clandestinidade no Iraque para escondê-los dos observadores da Cruz Vermelha, um número bem maior do que o estimado anteriormente, disseram generais do Exército ao Congresso na quinta-feira.

Na audiência de uma comissão do Senado sobre os maus-tratos de prisioneiros iraquianos, o general Paul Kern, comandante do Comando Material do Exército dos EUA, disse acreditar que o número de prisioneiros fantasmas detidos em violação à Convenção de Genebra foi de "dezenas, ou talvez de até 100", ultrapassando em muito as oito pessoas identificadas nessa situação por um relatório do Exército.

Kern e o major-general George Fay, vice-comandante do Comando de Segurança e Inteligência do Exército, disseram que a CIA não forneceu aos investigadores militares informação suficiente para uma estimativa mais exata.

"Não conseguimos obter documentação da Agência Central de Inteligência (CIA) para responder a esse tipo de dúvida. Portanto, não sabemos a quantidade. Mas acredito que esteja provavelmente na casa de dezenas", disse Fay.

A Convenção de Genebra determina que os países informem a detenção de prisioneiros ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha, que fiscaliza o tratamento que recebem.

As comissões de serviços armados do Senado e da Câmara realizaram audiências sobre uma investigação do Exército a respeito do papel da inteligência militar no escândalo de maus-tratos de prisioneiros na prisão de Abu Ghraib, perto de Bagdá. Também trataram de conclusões mais amplas sobre o tratamento de prisioneiros elaboradas por um conselho independente chefiado pelo ex-secretário da Defesa James Schlesinger.

Os relatórios apontam para a prática mais disseminada e sistemática de maus-tratos a prisioneiros, em vez de atos isolados de meia dúzia de soldados que chocaram o mundo com fotos de humilhação sexual e tortura em Abu Ghraib.

Schlesinger, cujo relatório responsabilizou chefes civis e militares do Pentágono por criar um clima propício à ocorrência daquele caso específico, disse a uma comissão da Câmara que as tropas dos EUA agiram, no geral, melhor que em outras guerras, incluindo a Segunda Guerra Mundial, a da Coréia e a do Vietnã.

"A enorme maioria da força se comportou no Iraque com um autocontrole extraordinário -- incluindo incontáveis atos de bondade", afirmou.

Os senadores chamaram de inaceitável o fato de a CIA não ter fornecido aos investigadores a informação solicitada. "A situação com a CIA e os soldados fantasmas está começando a parecer um filme ruim", disse o senador John McCain, um republicano do Arizona.




Fonte: IG

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