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Internacional
Terça - 31 de Agosto de 2004 às 09:22

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O seqüestro de dois jornalistas franceses evidenciou mais uma vez o clima de insegurança no Iraque, aproveitado por vários grupos com fins políticos ou financeiros para raptar tanto estrangeiros como iraquianos.

Transcorreram mais de dois meses desde a transferência de poder ao governo interino iraquiano, e a epidemia de seqüestros continua, ao mesmo tempo que cresce a freqüência dos ataques às forças dos Estados Unidos.

Cerca de 100 estrangeiros, a maioria de países muçulmanos, foram seqüestrados no Iraque desde abril por diversos grupos vinculados à resistência e a organizações fundamentalistas, como a liderada pelo terrorista jordaniano Abu Musab al-Zarqawi, ligado à rede Al Qaeda.

Desses 100 seqüestrados, pelo menos 30 permanecem nas mãos de seus seqüestradores, outros 11 foram assassinados, dois continuam desaparecidos, dois escaparam, e o restante foi libertado ou resgatado.

Entre os que continuam seqüestrados se incluem os jornalistas franceses Georges Malbrunot, que trabalha para o jornal "Le Figaro", e Christian Chesnot, da "Rádio France".

Ambos desapareceram no dia 20 em algum ponto da estrada que liga Bagdá à cidade de Najaf, cerca de 170 quilômetros ao sul da capital. O autodenominado Exército Islâmico no Iraque, que na semana passada assassinou o repórter italiano Enzo Baldoni, reivindicou a autoria do seqüestro dos dois jornalistas franceses.

O grupo ameaça executá-los se hoje, terça-feira, a França não revogar a lei que proíbe o uso do véu islâmico nas escolas públicas. Esse mesmo grupo islâmico quase desconhecido até agora também se responsabilizou no final de julho pelos assassinatos de dois paquistaneses que trabalhavam para uma empresa kuwatiana.

A organização dirigida pelo clérigo radical xiita Moqtada Al Sadr fez um apelo pedindo a libertação dos jornalistas franceses, para a qual o governo de Paris mobilizou sua diplomacia.

"A libertação contribuirá para reforçar os laços com a França, que apóia o povo iraquiano", disse o xeque Yousef Al Nasseri, um dos assistentes de Al Sadr, um dia depois de a Associação de Clérigos iraquianos ter condenado os seqüestros.

Os representantes de Al Sadr intervieram em 13 de agosto para conseguir a libertação do jornalista britânico do "Sunday Telegraph" James Brandom, que ficou em liberdade depois de permanecer seqüestrado durante quase 24 horas por milicianos xiitas.

Ao mesmo tempo que os estrangeiros são alvos de seqüestradores que lutam contra o governo interino iraquiano e a Coalizão liderada pelos EUA, os iraquianos sofrem sua própria epidemia de seqüestros, às vezes por motivos políticos, mas na maior parte dos casos simplesmente por dinheiro.

Embora não existam dados sobre o número aproximado de iraquianos que se tornaram vítimas desse raptos, o fato de muitas famílias de classe média conhecerem alguém que foi seqüestrado dá uma idéia da dimensão do problema.

O resgate exigido pelos seqüestradores varia dependendo do poder aquisitivo da família, e vai de 15 mil a 100 mil dólares, quantia paga na semana passada pelo médico bagdali Jaffar Al Jafayi, para conseguir a libertação de seu filho de 21 anos.




Fonte: EFE

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