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Saúde
Segunda - 30 de Agosto de 2004 às 16:32
Por: JESIEL PINTO

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O Estado de Mato Grosso está recebendo, pela primeira vez, o Curso de Ações de Resposta a Situações de Emergência de Origem Nuclear e Radiológica. O evento está sendo realizado no hotel Global Garden, em Cuiabá, de 30 de agosto a 03 de setembro e conta com a participação da Superintendência de Saúde Coletiva da Secretaria de Estado de Saúde (Susac/Ses), da Escola de Saúde Pública do Estado de Mato Grosso (ESP-MT) e do Instituto de Radioterapia e Dossimetria (IRD) órgão ligado à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).

O secretário adjunto de Saúde da Ses, Antonio Augusto de Carvalho, que fez a palestra de abertura do curso, disse que o seminário é de "organização, prevenção e capacitação, para que técnicos que lidam com aparelhos que usam energia nuclear e radiológica possam saber o que fazer em caso de possível irregularidade no uso desses aparelhos".

O adjunto lembrou que acidentes com esse tipo de energia pode ocorrer por diversos motivos: por desinformação quanto ao perigo, por ignorância de como agir em casos críticos e relaxamento no manuseio de rejeitos nucleares e radiológicos. "O curso habilita o profissional que está em contato diário com essas fontes de energia a cortar essas variáveis e evitar acidentes", explicou Carvalho.

Para cumprir esse objetivo, foram convidados representantes de cerca de 20 instituições, entre elas o Corpo de Bombeiros, a Fema, a Defesa Civil, os Prontos Socorro de Cuiabá de Várzea Grande, um representante do município de Rondonópolis e outro do Exército (13ª Brigada), técnicos de Raios-X e proprietários de empresas que possuem aparelhos que usem energia nuclear ou radiológica.

Na quinta-feira (02.09), quarto dia do curso, às 15h, no Centro de Treinamento do Corpo de Bombeiros, no Distrito Industrial, será realizada uma demonstração de acidentes radiológicos e de como os profissionais lidam com emergências envolvendo o uso da energia nuclear. Eles usarão equipamentos especiais, tanto com roupas isolantes como com aparelhos que medem a intensidade da radiação nuclear, para demonstrar os procedimentos a serem adotados nesses casos. Também serão encenados exercícios de campo em resposta a uma emergência radiológica.

Acidentes radiológicos ou com energia nuclear são raros. O último de que sem tem notícia no Brasil aconteceu em Goiânia (GO), em 1987. A superintendente de Saúde Coletiva da Ses, Moema Couto Silva Blatt, que também participou da abertura do curso, explicou existem em Mato Grosso vários aparelhos de saúde que são movidos a energia radiológica ou nuclear.

"Esses aparelhos produzem rejeitos, o chamado ‘lixo nuclear’ e o mau uso dele pode causar problemas graves". Para Moema Blatt, o maior perigo é que os efeitos da contaminação com energia nuclear são de longo prazo. "No caso de Chernobyl, por exemplo, os médicos dizem que por mais 70 anos continuarão aparecendo casos de Câncer provocados pela contaminação", afirmou. "Esse perigo, por si só, já justifica a vinda do curso para Cuiabá".

PERIGOS - Os aparelhos que produzem "lixo nuclear" em Mato Grosso usam, como combustível, o Iodo, usado na medicina nuclear para tratar a Tireóide, o tecnésio, usado na cintilografia óssea, o Irídio e o Samário. A informação foi dada pela técnica Júnia de Campos que acrescentou: "Um desses aparelhos, o Acelerador Linear, é um Raios-X super potente que, para funcionar, precisa ter uma parede de 50 centímetros de concreto para isolar a contaminação nuclear".

Ela avisou que, em qualquer caso em que os moradores suspeitem (não precisam ter certeza), devem avisar a Defesa Civil que, por sua vez, acionará a Vigilância Sanitária para as devidas informações e providencias. Júnia de Campos disse que, "mesmo a suspeita é saudável no caso de problemas com energia nuclear". O engenheiro Domingos Iglesias acrescentou que, "as medidas são tomadas em 24 horas. Se necessário o CNEN manda até um avião especial com pessoal para tratar do assunto".




Fonte: Ses-MT

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