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Internacional
Terça - 24 de Agosto de 2004 às 18:17

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O governo da presidenta Mireya Moscoso, do Panamá, pediu hoje ao embaixador de Cuba, Carlos Zamora, que deixe o país, ao mesmo tempo em que resolveu estudar um indulto a ser concedido ao militante anticastrista Luis Posada Carriles. Ela respondeu, com esta atitude, às ameaças proferidas por Havana de romper as relações diplomáticas com o Panamá se Carriles for libertado.

"Depois dos ataques verbais de Cuba, a presidenta está considerando a possibilidade de um indulto", informou o chanceler panamenho Harmodio Arias, em entrevista coletiva à imprensa.

Arias afirmou que as relações diplomáticas entre Panamá e Cuba "não estão rompidas", e recordou que Moscoso reiterou várias vezes que não indultaria Carriles, "mas está agora considerando esta eventualidade".

"Somente retiramos nosso embaixador de Cuba, e pedimos ao governo de Fidel Castro que faça o mesmo com Zamora. Não rompemos as relações diplomáticas", ponderou Arias.

O chanceler panamenho declarou que as relações comerciais com a ilha comunista serão mantidas.

Arias entregou uma nota de protesto a Zamora "pela reiterada e inaceitável intromissão do governo de Cuba nos assuntos internos da República de Panamá, rejeitando categoricamente o linguajar ofensivo proferido pelas autoridades cubanas em sua nota oficial do dia 22 de agosto".

Zamora avisou, ao deixar a chancelaria panamenha, que "Cuba responderá no momento oportuno".

A crise diplomática começou domingo, quando Cuba deu crédito aos rumores que circulavam em ambientes anticastristas de Miami e Panamá, segundo os quais Moscoso pretendia indultar quatro cubanos presos no Panamá por planejar um atentado contra Castro em 2000.

"Nas últimas horas se intensificaram os rumores no Panamá e em Miami sobre a iminência do indulto que seria concedido a quatro terroristas anticubanos", anunciou o governo de Havana, antecipando que a decisão seria tomada entre os dias 15 e 30 de agosto, alguns dias antes do final do mandato de Moscoso, em 1º de setembro.

"Se o indulto aos quatro criminosos for confirmado, as relações diplomáticas entre Cuba e Panamá serão imediatamente rompidas", avisaram as autoridades cubanas.

Cuba acusa Moscoso de querer libertar Carriles e os anticastristas Pedro Crispín Remón, Gaspar Jiménez Escobedo e Guillermo Novo Sampoll, condenados em abril passado por planejar o assassinato de Castro durante a conferência Ibero-Americana de 2000.

Moscoso reagiu hoje, qualificando de "inaceitável e desrespeitosa" a ameaça de Cuba de romper as relações diplomáticas, e ordenou a retirada de seu embaixador na ilha, Abraham Bárcenas, acusando Havana de "ingerência nos assuntos internos do Panamá".

"Em vez de se meter nos assuntos internos do Panamá, Castro deveria promover a democracia na ilha", sentenciou Moscoso.

As relações diplomáticas entre os dois países foram se deteriorando após a detenção de Carriles e de seus cúmplices, por causa da recusa do Panamá de atender aos pedidos de extradição formulados repetidamente por Cuba.

Os quatro cubanos foram condenados a sete e a oito anos de prisão por atentarem contra a segurança do Estado panamenho, mas o delito de tentativa de homicídio não foi considerado.




Fonte: AFP

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