Nossa vida no lixo!

Nesta semana, ao sair de casa para o trabalho, observei um grupo de crianças revirando os sacos de lixo da minha casa e dos vizinhos, em busca de latas de alumínio.

É curioso como às vezes o subdesenvolvimento e a miséria pode beneficiar a natureza. O Brasil é na atualidade, o país que mais consegue reciclar latas de alumínio.

Ganhamos até do Japão. Tudo isso, porque as latas recolhidas nos lixos, são uma boa fonte de renda para grande parte da população carente.

Nos Estados Unidos, a imprensa sensacionalista, busca no lixo das estrelas de Hollywood, todo e qualquer objeto que possa dar alguma informação ou dica sobre o estilo de vida e seus hábitos de consumo.

No mês de Junho deste ano, teve até uma exposição de fotos dos objetos recolhidos nas lixeiras de grandes celebridades, como Madonna, Tom Cruise, Michael Jackson, Cindy Crawford, Halle Berry, entre outras.

De acordo com alguns repórteres de tablóides sensacionalistas, através dos objetos descartados no lixo, é possível descobrir os hábitos alimentares, manias e outras peculiaridades dos proprietários do material recolhido.

Já recolheram peças curiosas como cuecas sujas de Antonio Banderas (que horror!), caixas de sabão branqueador utilizado na residência de Michael Jackson, embalagens de sopas instantâneas baratas no lixo da ¨mulher-gato¨ (Halle Berry) e embalagens de chocolates e doces mais apreciados por Steven Spielberg.

Na maioria das vezes, os repórteres fazem suas incursões aos lixos dos famosos durante a noite. Objetos que revelem detalhes sexuais ou médicos das celebridades são descartados, não por consciência ética, mas por medo de ações judiciais.

Você deve estar se perguntando: o que eu tenho a ver com toda a essa mania ¨trash¨ americana de viver? Também não sou celebridade!

Quero chamar a atenção para o cuidado e a atenção que devemos dar ao lixo descartado em nossos lares. Pare pra pensar em tudo que depositamos nos sacos de polipropileno: extratos bancários, contas pagas (ou não), impostos, embalagens de todos os produtos que compramos e consumimos.

Qualquer investigação descobriria todos nossos hábitos alimentares, estilo de vida, informações financeiras e de renda em apenas poucas semanas de lixo revirado.

Podem descobrir nossas preferências de marcas, sabores, gostos. Sobre nossos hobbies, consumos fúteis, aquisições importantes entre tantas outras informações que nas mãos de pessoas inescrupulosas, poderiam nos dar muitas dores de cabeça.

Nesta semana, estive conversando com um funcionário público, que trabalha como Fiscal do Meio Ambiente na Prefeitura de Cuiabá, e ele me confidenciou que já se utiliza da técnica de ¨revirar¨o lixo alheio para advertir e multar alguns infratores.

Quando observa algum lixo depositado em terrenos baldios, tentar encontrar algum documento que identifique o nome e endereço de quem o deixou irregularmente. Vai até o proprietário da ¨arte¨, e de posse da prova material, solicita que o remova do local, caso contrário, o cidadão que desconhece o que é cidadania, pode ser autuado e multado.

O mesmo lixo que polui, também denuncia!

João Carlos Caldeira Empresário, jornalista, especialista em administração de turismo, hotelaria e lazer.
E-mail: joaocmc@terra.com.br