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Repórter News - reporternews.com.br
Internacional
Sexta - 20 de Agosto de 2004 às 11:26

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As nuvens de poeira vindas do deserto do Saara tornaram-se dez vezes mais comuns nos últimos 50 anos e ameaçam provocar alterações no clima da Terra. O aumento no tráfego de veículos motorizados pela região é apontado como a principal causa do problema, afirmou um especialista da Grã-Bretanha na sexta-feira.

"Isso é culpa dos Toyota, Mitsubishi e similares que substituíram os camelos como meio de transporte de muitos moradores da região. Esses veículos circulam provocando alterações na superfície do deserto", disse à Reuters Andrew Goudie, da Universidade Oxford.

"E há todos esses turistas e as pessoas que circulam pela área, pessoas que adoram dirigir pelo deserto." Goudie, que estuda os desertos e as nuvens de poeira desde os anos 1970, afirmou que o problema começou com a intensificação do tráfego de veículos de quatro rodas na região depois da Segunda Guerra Mundial (1939-45), mas piorou recentemente devido à disseminação dos carros.

"As pessoas de regiões como o Oriente Médio eram bastante pobres antes do boom do petróleo, por exemplo", afirmou Goudie, que apresentou suas pesquisas no Congresso Internacional de Geografia, realizado na Escócia esta semana.

O aumento dos períodos de seca em consequência das alterações no clima da Terra, o excesso de animais pastando na área e o excesso de retirada de água para consumo também contribuíram para aumentar a quantidade de poeira vinda de alguns pontos do Saara em até dez vezes se comparado com os níveis dos anos 1940. A zona do Sahel, ao sul do Saara, também apresenta problemas graves.

Goudie defendeu a adoção de medidas restritivas, como a proibição de veículos em áreas sensíveis. Os veículos, segundo Goudie, danificam a superfície do deserto, que, do contrário, seria relativamente estável devido à presença de algas, líquenes, barro e pedras. As estimativas mais recentes sobre a emissão de poeira no mundo falam em cerca de 2 bilhões a 3 bilhões de toneladas todo ano. Partículas vindas da África podem chegar à Groenlândia e ao Caribe, afirmou o pesquisador. O fenômeno provoca problemas de saúde, intensifica as mudanças no clima da Terra e pode ter efeitos prejudiciais em outros hábitats do planeta.




Fonte: Reuters

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