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Internacional
Sexta - 20 de Agosto de 2004 às 10:44

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O grande aiatolá Ali Sistani aceitou hoje assumir o controle do mausoléu do imã Ali em Najaf e os milicianos do clérigo xiita Moqtada Al-Sadr devem entregar em breve as chaves e sair do local, afirmou hoje um porta-voz do líder radical. Depois da decisão, vários policiais iraquianos entraram no local de forma pacífica, disseram fontes do ministério do Interior.

Segundo a agência AFP, a polícia iraquiana teria prendido cerca de 400 milicianos xiitas ao entrar na mesquita, segundo o governo interino, enquanto que o correspondente da AFP no local assegurou que os enfrentamentos foram reiniciados.

As negociações para a entrega da custódia às autoridades religiosas começaram na manhã desta sexta-feira depois dos ataques realizados pelas forças americanas. Os conselheiros de Al-Sadr e vários representantes do aiatolá Ali Sistani se reuniram para preparar a transferência do controle do mausoléu de Najaf, ponto central da crise. Ali Sistani, principal líder xiita, deixou o Iraque há pouco mais de uma semana e está em um hospital de Londres, onde se recupera de uma cirurgia.

Ontem, representantes do clérigo radical xiita afirmaram que Al-Sadr tinha escrito uma carta na qual pedia a seus partidários que "entregassem as chaves da mesquita o mais rapidamente possível para evitar que os infiéis entrassem no lugar sagrado". "Entregar as chaves significa transferir a administração deste lugar de referência internacional às autoridades religiosas", acrescentou Shibani.

Centenas de milicianos permanecem entrincheirados na mesquita do imã Ali Ben Taleb há uma semana, embora na prática o Exército Mehdi, criado e dirigido por Al-Sadr, controle o mausoléu desde abril, quando eclodiu a primeira rebelião xiita.

Shibani disse que Al-Sadr não deu ordem a seus seguidores do Exército Mehdi para depor as armas, uma das principais exigências do governo interino iraquiano. "Não queremos agradar ao governo, pretendemos contentar o povo iraquiano", afirmou Al Shibani.

O primeiro-ministro interino do Iraque, Iyad Allawi, deu na quinta-feira a Al Sadr e à milícia um ultimato para que ordenasse sem demora a retirada da mesquita e a entrega das armas. "O governo e as forças de ocupação foram os que começaram isto", disse o porta-voz do clérigo rebelde.

Na última semana, Al-Sadr reiterou que a mesquita deve ser administrada e custodiada pelas autoridades religiosas xiitas, mas não se pronunciou sobre o futuro das de Kufa e Al Shala, também controladas pela milícia. Ontem, o ministro de Estado iraquiano, Kasim Daoud, exigiu a retirada dos milicianos das mesquitas de Al Shala e Kufa, próximas de Najaf, e nas quais habitualmente Al Sadr pronuncia sermões a seus partidários.

A reunião entre os representantes de Al-Sadr e os ajudantes do aiatolá Ali Sistani ocorreu depois do ataque aéreo lançado na madrugada de sexta-feira contra supostas posições da milícia xiita em Najaf. Os ataques com mísseis se dirigiram novamente contra o enorme cemitério de Wadi al-Salam e edifícios situados nas proximidades da mesquita do imã Ali Ben Taleb, nos quais a milícia teria armado postos de defesa.

Governo mantém proposta de paz

O primeiro-ministro do Iraque, Iyad Allawi, afirmou hoje, que a proposta de paz feita a Moqtada Al-Sadr continua de pé e garantiu que não permitirá uma invasão militar à mesquita de Najaf, epicentro da crise. Em declarações à BBC, Allawi afirmou que a proposta continua valendo e ressaltou que a intenção de seu governo é encontrar uma solução pacífica para a crise.

O primeiro-ministro iraquiano disse que, em todo caso, a solução passa pelo cumprimento da lei. Ele solicitou a Al-Sadr que use a via política para resolver os problemas que tenha com o novo governo de Bagdá ou com a força multinacional que ocupa o país.

"Não há ninguém (no governo) tentando fazer guerra", acrescentou Allawi, segundo o qual foi o líder radical xiita "que, infelizmente, decidiu tomar esse caminho". O primeiro-ministro assinalou, além disso, que entre os milicianos de Al Sadr há "ex-criminosos que colocaram explosivos no lugar santo com a intenção de explodi-lo" se houvesse uma invasão militar.




Fonte: EFE

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