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Educação/Vestibular
Terça - 17 de Agosto de 2004 às 18:52

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Lideranças indígenas das 38 etnias de Mato Grosso entregaram nesta terça-feira (17.08) ao governador Blairo Maggi o pré-projeto para criação da Universidade Ameríndia, voltada exclusivamente para índios das Américas e até mesmo da Austrália. A proposta inédita representa mais uma conquista dos povos indígenas, que terão a oportunidade de concluir o terceiro grau. O ensino superior para índios já é ministrado na Universidade do Estado de Mato Grosso Mato Grosso (Unemat).

"Queremos uma universidade voltada para atender as necessidades das mais diversas sociedades indígenas brasileiras, sejam elas das florestas, dos cerrados ou de outros rincões de nosso território", defende o cacique Aritana Yawalapíti, um dos autores do projeto elaborado pela Superintendência de Políticas Indígenas, órgão ligado à Casa Civil. "O indígena é capaz, basta que nós nos conscientizemos de sua capacidade e lhes ofertemos condições para demonstrá-la", cita o projeto.

De acordo com a proposta, a Universidade Ameríndia abrirá as portas "do saber para uma juventude sedenta de conhecimento. Não temos o direito de impedir o acesso do indígena ao ensino superior e de esvaziar seu sonho de ter sua própria universidade".

Na avaliação do superintendente de Políticas Indígenas, Idevar José Sardinha, as sociedades indígenas mato-grossenses vivem o consenso de pobreza absoluta em áreas potencialmente ricas. "Tese similar a do governador Blairo Maggi, ao afirmar que é preciso acabar com a miséria em terras indígenas, uma vez que os índios vivem numa ilha de pobreza cercada pela riqueza", diz Sardinha.

Conforme o projeto entregue ao governador, o Estado brasileiro, responsável pela garantia dos direitos constitucionais das sociedades indígenas, ainda não se deu conta de que não mais é possível pensar o índio sobrevivendo apenas de caça e pesca.

"A Universidade Ameríndia aberta e autônoma enquanto universidade específica e diferenciada, configura-se como projeto necessário e urgente, no concerto da democracia plural que cabe a nosso país reger no contexto moral e ético da diversidade étnico-cultural, na perspectiva da modalização do futuro frente aos conflitos e à violência exacerbada em torno da diferença racial, étnica e religiosa", cita o projeto.

A universidade, de acordo com o projeto, "transmite a visão do índio preocupado em criar mecanismos capazes de gerar conhecimentos que ao decorrer do tempo incentivarão seu desenvolvimento atraindo cada vez mais o jovem inculcando nele a necessidade de defender seu patrimônio histórico: sua cultura, sua reserva e a imensa riqueza do seu meio ambiente".




Fonte: 1ª Hora

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