Israel vai usar churrasco contra greve de fome

Israel declarou hoje uma guerra psicológica contra os prisioneiros palestinos em greve de fome, afirmando que faria churrascos do lado de fora das celas para tentar convencê-los a comer. Os 1,5 mil prisioneiros, vistos pelos palestinos como símbolos da resistência à ocupação israelense, querem o fim das revistas constantes, a permissão de receber visitas de familiares com mais frequência, a melhora das condições sanitárias e a instalação de telefones públicos.

Mas, para as autoridades israelenses, o protesto lançado no domingo é parte de um plano dos prisioneiros para garantir uma fácil comunicação com os grupos militantes responsáveis pelos quase quatro anos de levante palestino. Os detentos palestinos estão ingerindo apenas líquidos. O Serviço Penitenciário afirmou que usaria as mesmas táticas psicológicas usadas pela Grã-Bretanha contra greves de fome de militantes irlandeses na prisão nos anos 1970 e 80.

Mais de 7,5 mil palestinos são mantidos detidos em Israel. Em Gaza, cerca de 3 mil palestinos fizeram uma manifestação em apoio aos grevistas.

Arafat elogia prisioneiros

O líder palestino Yasser Arafat ele próprio um "prisioneiro" de Israel já que há meses encontra-se confinado na sede de seu governo, em Ramalá (Cisjordânia), elogiou a greve de fome. "O presidente saúda nossos heróis nas prisões israelenses por serem determinados", afirmou o governo palestino em um comunicado.

Segundo Issa Qarage, ativista de Belém (Cisjordânia) pelos direitos dos prisioneiros, a greve de fome se espalharia das prisões de Israel para os campos de detenção militares. "Declaramos, em nome de Deus, nossa decisão nacional de lançar uma greve de fome aberta", afirmou a Sociedade dos Prisioneiros Palestinos, em uma declaração. "Acusamos Israel de tirar todos os nossos direitos, pisando em nossa dignidade e nos tratando como animais", disseram os prisioneiros.