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Saúde
Segunda - 16 de Agosto de 2004 às 07:54

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Os componentes químicos da maconha (chamada cientificamente de Cannabis Sativa) poderiam ser a base de um tratamento para o câncer de cérebro, já que atrasam o crescimento dos vasos sanguíneos que alimentam os tumores, segundo um estudo realizado por cientistas espanhóis.

Uma equipe da Universidad Complutense de Madrid dirigida pelo professor Manuel Guzmán descobriu que os cannabinoides parecem bloquear os genes que constituem a proteína conhecida como VEFG (ou fator de crescimento do endotélio vascular), que estimula a aparição desses vasos sanguíneos.

O bloqueio do abastecimento de sangue dos tumores é uma das últimas estratégias contra o câncer pesquisadas pelos especialistas. Por isso, o estudo de Guzmán é uma contribuição significativa na busca de novos tratamentos.

Em seu estudo, que será publicado amanhã, domingo, pela revista "Cancer Journal", os cientistas espanhóis demonstram que os cannabinoides reduziram de forma significativa a atividade da VEGF em ratos de laboratório.

Eles também reduziram o nível da proteína em amostras de tecido cancerígeno extraído de dois doentes com glioblastoma multiforme, o tumor cerebral mais letal. Apenas seis por cento das pessoas que padecem dele vivem mais de três anos.

Este câncer costuma ser tratado com cirurgia, seguida de radioterapia ou de uma combinação de rádio e quimioterapia. Mas, normalmente, o tumor principal não é destruído totalmente. O habitual é que volte a crescer e acabe com a vida do paciente.

Os pesquisadores já tinham demonstrado anteriormente que os cannabinoides inibiam o crescimento dos vasos sanguíneos em ratos.

A novidade do estudo espanhol é que revela o mecanismo pelo qual se atrasa esse crescimento e demonstra que é aplicável não só a ratos mas também a seres humanos.

Os cientistas espanhóis injetaram cannabinoides em ratos com gliomas e, depois, analisaram o DNA em 267 genes associados ao crescimento dos vasos sanguíneos do tumor.

Eles descobriram que os componentes do cannabis tinham reduzido a atividade de vários genes implicados na produção de VEGF.

A continuação, os especialistas fizeram o experimento em biópsias de tumores de dois doentes de glioblastoma multiforme que não tinham respondido ao tratamento convencional.

Os pesquisadores analisaram os tecidos cancerígenos antes e depois da injeção de cannabinoides e constataram que "em ambos os pacientes, os níveis de VEGF nas amostras de tumor eram mais baixos depois da introdução de cannabinoides", afirma o professor Guzmán no artigo.

Este descobrimento -acrescenta- sugere que os cannabinoides podem ser uma nova maneira de tratar tumores cerebrais incuráveis.

"É essencial desenvolver novas estratégias terapêuticas para o tratamento do glioblasoma multiforme, que certamente requeriam a combinação de vários tratamentos para obter resultados clínicos significativos", conclui o professor.




Fonte: EFE

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