Os ‘pedágios’ agora atormentam VG

Os “pedágios” cobrados por bandidos deixaram de ser coisa exclusiva de Cuiabá. A “moda” rompeu os limites da capital, seguiu para Várzea Grande e foi parar numa rua do bairro da Manga, próximo da caixa d’água. Como é próximo de uma rua com várias bocas-de-fumo, o dinheiro arrecadado é usado para comprar trouxinhas de maconha ou de pasta-base de coca.

O pedágio foi instalado pelos bandidos numa trilha num terreno, onde quem passa é obrigado a pagar ou entregar algum pertence. Com medo de represálias, as vítimas não registram queixa e, com isso, a polícia não tem como saber o número de vítimas. Mas investigações preliminares apontam que os roubos estejam ocorrendo desde o começo do ano.

O indício de que os bandidos estão agindo ocorreu no início do mês. Dois adolescentes, um de 15 e outro de 16 anos, foram presos por policiais militares. Um deles, armado com um revólver, parava as pessoas no período noturno e o outro pegava o dinheiro.

Um dos adolescentes confirmou que estava cobrando pedágio. “Levo o que pessoa tem. Se não tem dinheiro, entrega o que tem, tênis, relógio”, disse o adolescente aos policiais da Delegacia Regional de Várzea Grande. Os garotos aparentavam serem usuários de droga.

Um dia antes, policiais receberam a denúncia de que um motocicleta tentou passar pela trilha, mas como não tinha dinheiro, nem relógio ou outro pertence, teve que voltar. Os policiais acreditam que, na ocasião, os bandidos estivessem desarmados.

O delegado plantonista Ely Roberto Ferreira explicou que muitas vítimas não registram queixa. “Algumas semanas antes, tivemos informação que esses jovens estavam cobrando pedágio na trilha, mas ninguém procurou a polícia”.

Mesmo apavorando as vítimas, o pedágio da Manga é mais brando que os de Cuiabá onde, nas pontes dos bairros Altos da Serra e Três Barras, os bandidos atiram e matam quem passa e não quer pagar – no final de 2000, duas pessoas foram assassinadas nessas circunstâncias.

Com um trabalho repressivo, a Policia Militar conseguiu diminuir a ação dos bandidos. Há dois anos, com a prisão do chefe do bando, o assaltante Elber Lúcio Moura dos Santos, o “Binho”, os pedágios praticamente acabaram.

“Temos poucas denúncias de roubos na ponte conhecida como pedágio. Na verdade, há muito tempo que não temos queixas de roubos nessas pontes”, explicou o delegado Waldeck Duarte, titular da Delegacia do Complexo do CPA. “O que temos são assaltos na região, mas não temos notícias de assaltos na duas pontes (que divide o bairro Altos da Serra do Planalto e do Três Barras).