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Morre o pai do ex-governador Dante de Oliveira
Faleceu ontem à tarde. 14, no Hospital Jardim Cuiabá, o advogado Sebastião de Oliveira, mais conhecido como Doutor Paraná. O falecido era inscrito na OAB de Mato Grosso sob n° 72. Seu corpo está sendo velado no auditório da OAB, instituição da qual ele foi presidente na gestão 1971/73, e será sepultado hoje, 15, às 11 horas, no Cemitério da Piedade no centro de Cuiabá.No mês de abril, Sebastião de Oliveira, que ainda gozava de perfeita saúde, apesar da idade avançada, levou uma queda e fraturou o fêmeur da perna direita. Ele teve que ser submetido a uma cirurgia, advindo daí complicações de seu estado de saúde. Mas ele se manteve lúcido até o início da semana quando foi removido para a UTI, onde faleceu.A família não sabe como surgiu o Paraná na vida de Sebastião de Oliveira. O que se sabe é que na infância ele teve um amigo, oriundo do estado do Paraná e começou a ser chamado por esse nome. Ao se formar em Direito, passou acrescentaram o doutor no apelido que o acompanhou por toda a vida. O Doutor Paraná era pai do ex-governador Dante de Oliveira. Natural de Santo Antônio do Rio Abaixo, que virou depois Santo Antônio do Leverger, onde nasceu dia 20 de março de 1915, em Itaicizinho, localidade da área de abrangência da lendária Usina de Itaici, Sebastião de Oliveira fez os estudos secundários em Cuiabá e formou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade do Brasil, do Rio de Janeiro, em dezembro de 1937. Apesar de ter aprendido a gostar da então capital do Brasil, com suas belas praias, Sebastião de Oliveira voltou correndo para Cuiabá para iniciar uma bem sucedida carreira na advocacia.Em 1942, casou-se em Poconé com Maria Benedita Martins de Oliveira. Do casamento que durou 62 anos nasceram sete filhos: Bernardo Antonio, já falecido, Iolanda, Armando, Lúcia, Dante, Inês e Eneida. Com muito trabalho, Sebastião de Oliveira, que com a formação no curso superior passou a ser chamado de Doutor Paraná, conseguiu dar uma educação de alto nível aos filhos: Bernardo, como Iolanda, era formado em Direito, Armando formou-se em Engenharia Elértrica, Dante e Inês cursaram Engenheira Civil, Lúcia é contadora e Eneida, Administradora de Empresa. Dante e Armando fizeram aos cursos superiores no Rio de Janeiro e os outros estudaram em Cuiabá.Bem sucedido na carreira de advogado, cuja fama ultrapassou rapidamente as divisas de Mato Grosso, o Doutor Paraná enveredou-se também pela política, elegendo-se deputado constituinte em 1946. Apesar da sua boa atuação, não conseguiu se reeleger e desistiu da política. Dos constituintes, agora apenas José Fragelli, que depois foi também governador de Mato Grosso, está vivo. Outro que resistiu tenazmente, a exemplo do Doutor Paraná, foi o advogado Lenine de Campos Póvoas, que faleceu o ano passado.Antes de se tornar deputado constituinte, o Doutor Paraná teve uma curta experiência política de nove meses como prefeito nomeado de Santo Antônio do Leverger, em 1942. De segunda a sexta-feira ele ficava no município que administrava, mas passava o final de semana com a família em Cuiabá. Desse tempo, uma recordação que ficou para o resto da sua vida: os tombos que levava da velha motocicleta que utilizava para se deslocar de Cuiabá para Leverger e vice-versa na estrada arenosa e poerenta que ligava os dois municípios.Em 1952, o Doutor Paraná foi indicado para o Tribunal de Contas do Estado pelo governador Fernando Correa da Costa para ocupar o cargo de procurador geral, porque naqueles tempos não existia o Ministério Público. Ele ficou no cargo até 1969 quando se aposentou. Mesmo trabalhando no TC, o Doutor Paraná jamais deixou de exercer a advocacia, evidentemente, sem prejuízos para sua atividade como servidor público. Segundo seu filho mais famoso, Dante de Oliveira, o Doutor Paraná, além do amor pelos filhos, tinha duas paixões na vida: o Direito e a política.Apesar de ser apaixonado pela política, o Doutor Paraná tentou de todas as formas demover Dante de Oliveira, que foi deputado estadual, prefeito de Cuiabá em dois mandatos, deputado federal, ministro da Reforma Agrária e governador do Mato Grosso também por dois mandatos, a não disputar cargos eletivos. Ele queria que o filho, primeiro, trabalhasse e consolidasse sua situação financeira para depois entrar na política. "Mas como todos os Oliveira da minha família, a começar do meu pai, eu sou cabeça dura e não desisti..." – afirma Dante de Oliveira.A despeito de ter sido contra a entrada de Dante na política, o Doutor Paraná nunca deixou de apoiar o filho, que faz agora, no velório do pai, uma confidência: o rascunho da Emenda das Diretas-Já, que ele apresentou em 1982 e que virou a política do País de cabeça para baixo, foi do Doutor Paraná. Dante admite também que de vez em quando levava uns puxões de orelha do pai se tomasse alguma medida que ele não considerava certa. Mas o pai nunca lhe pediu nada nos seus 7 anos e 4 meses de mandato como governador. Pedia, sim, pequenas coisas para os amigos. Quando Dante perdeu a eleição para o Senado, no último pleito, o Doutor Paraná disse numa televisão de Cuiabá: "Foi bom para ele aprender que a vida não e só vitória..."Homem muito culto, o Doutor Paraná era um profundo conhecedor da Bíblia. Era um cristão que jamais deixava de fazer suas orações, mas não freqüentava nenhuma igreja. Tinha tendência para o espiritismo, mas não o praticava também. Muito humano, era o verdadeiro patriarca da família e dava muito valor à solidariedade, a ética, a moral...Assessoria de Imprensa da OAB
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