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Internacional
Sexta - 13 de Agosto de 2004 às 18:20
Por: Fabiana Vezzali e André Deak

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“Uma vitória de Hugo Chávez fortalece a política brasileira, não apenas legitimando a soberania nacional de todos os países, mas também servindo como um processo de ruptura da unipolaridade em escala mundial”, diz o coordenador do Laboratório de Políticas Públicas da Uerj, Emir Sader. A vitória, segundo ele, servirá para “acabar com essa tentativa norte-americana de impor uma hegemonia em escala mundial”, afirma. Os Estados Unidos apóiam a oposição ao governo venezuelano e, inclusive, financiaram uma campanha contra Chávez.

No próximo domingo, dia 15, a Venezuela realiza eleições populares que decidirão se o presidente Hugo Chávez deve continuar no poder. Mais de três milhões dos cerca de 25 milhões de venezuelanos assinaram o pedido de realização do referendo revocatório, que será realizado com o consentimento do governo. O país enfrenta tensões desde o mal-sucedido golpe de Estado que Chávez sofreu em 2002, e os resultados da votação de domingo devem surtir efeitos em outros países, inclusive o Brasil.

Outro especialista em política internacional, o professor de Ciência Política da USP Rafael Villa também afirma que “uma derrota do governo Chávez afetaria a política externa do governo Lula”. Embora, oficialmente, o governo não manifeste a sua opinião, Villa lembra que o partido do presidente brasileiro já manifestou sua preferência por Chávez. “O principal aliado sul-americano do Brasil neste momento é a Venezuela, por uma série de razões”, diz.

O professor afirma que os países têm críticas similares à Área de Livre Comércio das Américas (Alca), ao Plano Colômbia e também posições parecidas em relação a um projeto integracionista. “Veja que a Venezuela integrou-se como Estado associado ao Mercosul”, aponta. “Essa aproximação com o Brasil não começou com o governo Chavez, mas se intensificou nos últimos tempos.”

O diretor do Núcleo de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), Alcidez Vaz, também afirma que o desfecho do referendo, seja ele qual for, vai acarretar algum tipo de impacto significativo na definição dos rumos da política externa brasileira. Isso porque “o atual governo, desde o primeiro momento, conferiu uma atenção especial à crise que atravessava a Venezuela”.

César Augusto Lambert Azevedo, pesquisador do Núcleo Interdisciplinar em Políticas e Estratégia da USP, ainda afirma que não só o Brasil estará acompanhando de perto o resultado das urnas venezuelanas. “Os países da América do Sul estarão acompanhando de perto o pleito. A Colômbia – que é outro país vizinho e compartilha a exploração de petróleo – certamente também estará observando”, disse.

Sobre os vizinhos da Venezuela, Emir Sader diz que "a Colômbia está um pouco constrangida, assim como alguns outros países que têm interesses lá, especialmente aqueles que se apressaram em apoiar o golpe militar, inclusive os Estados Unidos. Eles estão meio constrangidos, embora não tanto quanto deveriam, já que se sabe que o governo norte-americano deu expressamente dinheiro para a campanha da oposição, considerando que isso colaboraria para a democracia - na sua concepção do que é democracia na Venezuela. Os países na América Latina estão guardando uma cautelosa e justa distância em respeito à autonomia e à soberania do povo venezuelano."




Fonte: Agência Brasil

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