Dominicanos resgatados no mar comeram carne humana

Alguns dos 36 dominicanos resgatados na terça-feira após 12 dias à deriva no mar comeram carne humana e beberam a própria urina para sobreviver, revelou o jornalista Negro Frías.

"Se alimentaram dos peixes que conseguiram pegar, beberam a própria urina e, finalmente, teve gente que comeu partes de outros seres humanos", disse Frías, baseado no testemunho de sobreviventes da tragédia.

Uma sobrevivente, Faustina Santana, relatou à TV dominicana que uma jovem que havia dado à luz há dois meses amamentou vários homens, até seus seios secarem e ela morrer.

"Ela dizia que não tinha mais leite, que seus seios estavam secos, mas eles continuavam", contou a sobrevivente internada em um hospital.

"Começamos a tomar água salgada, a maioria entrou em pânico, muitos se jogaram no mar e outros morreram de fome", revelou Faustina Santana.

Pelo menos sete dos 36 emigrantes morreram nas últimas horas em hospitais da República Dominicana, informaram fontes médicas.

Os imigrantes tentavam chegar a Porto Rico a bordo de um barco e foram resgatados por pescadores em péssimo estado de saúde, após dias no mar sem água e comida.

As autoridades médicas de Nagua, 180 km ao norte de Santo Domingo, informaram a morte de seis emigrantes na noite de terça-feira, e o hospital de San Francisco de Macorís, 145 km a noroeste da capital, relatou outro falecimento nesta quarta-feira.

A Marinha dominicana comunicou na terça-feira o resgate de 33 pessoas que estavam desaparecidos desde 29 de julho, quando tentavam imigrar ilegalmente para Porto Rico.

Do grupo resgatado, "dois morreram quando eram levados para o hospital", disse o chefe da equipe médica que socorreu os sobreviventes, Rafael Emilio Chalas.

No total, 79 dominicanos partiram na noite de 29 de julho para Porto Rico em uma frágil embarcação equipada com um motor de popa. As autoridades navais foram notificadas de seu desaparecimento na quarta-feira passada por familiares em busca de notícias.