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Nacional
Terça - 10 de Agosto de 2004 às 22:18

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A Defesa Civil do Rio Grande do Sul está atenta para a possibilidade, avaliada por especialistas mundiais, de o fenômeno El Niño voltar nos próximos meses, o que influenciaria as condições climáticas no Rio Grande do Sul. A Rede de Estações de Climatologia Urbana de São Leopoldo, adverte, no entanto, que ainda não é possível confirmar a probabilidade.

De acordo com os meteorologistas ainda não há consenso sobre o retorno do fenômenoo El Niño no segundo semestre. A Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos (NOAA) estima, contudo, que existem cerca de 50% de possibilidade de confirmação nos próximos três meses. Como base, foram usadas as últimas tendências e condições atmosféricas e oceânicas.

Silvio Dadia Sampaio, chefe de gabinete da Casa Militar, ressaltou que a Defesa Civil do Rio Grande do Sul ficará em permanente contato com os centros de monitoramento de meteorologia do país e do exterior, acompanhando as condições do tempo, já que o fenômeno é conhecido pelo seu rápido aparecimento e pela inesperada intensidade. "É fundamental estarmos atentos para, caso seja confirmado, atuar preventivamente por nossas regionais", enfatizou Sampaio.

O fenômeno El Niño é caracterizado por episódios de aquecimento da água do mar de uma região substancial do Oceano Pacífico tropical que pode durar de meses a mais de um ano.

O que é El Niño?

O termo "El Niño", que significa "o menino" em espanhol, refere-se ao menino Jesus e foi dado por pescadores do Peru e Equador no século XIX ao descreverem o fenômeno que afetava a pesca na região coincidentemente na época de Natal e início de ano. Em alguns anos, o aquecimento das águas do Oceano Pacífico é extremo e prolonga-se por vários meses.

Nesses casos, ele não é normalmente confinado às regiões costeiras, mas se espalha gradualmente para oeste abrangendo uma grande parte do Oceano Pacífico Equatorial. A comunidade científica reservou o termo El Niño para caracterizar aqueles episódios de aquecimento da água do mar de uma região substancial do Oceano Pacífico tropical que pode durar de meses a mais de um ano.

Quando ocorre o fenômeno El Niño, a evaporação da água do mar do Pacífico aumenta, causando movimentos que transportam a umidade para os altos níveis da atmosfera, formando nuvens e causando precipitação acima do normal sobre o Pacífico. Há a geração de uma circulação térmica no sentido leste-oeste com movimentos ascendentes sobre o Pacífico e movimentos descendentes sobre as regiões equatoriais do Oceano Índico, Indonésia, Austrália, África e Nordeste do Brasil.

Portanto, nessas duas últimas regiões equatoriais, o movimento vertical ascendente normal é enfraquecido fazendo com que a formação de nuvens também diminua, com a conseqüente redução da precipitação, ou seja, causando secas. O último El Niño surgiu em 2002, porém os episódios mais lembrados são os de 1982/1983 e de 1997/1998, pela sua enorme intensidade e as graves conseqüências que provocaram no sul do Brasil com grandes enchentes.

Efeitos do fenômeno no Brasil

Região Sul: precipitações abundantes, principalmente na primavera, e chuvas intensas de maio a julho. Há um aumento na temperatura média do ar durante este período.

Região Sudeste: moderado aumento das temperaturas médias e não há um padrão característico de mudanças nas chuvas.

Região Centro-Oeste: não há evidências de efeitos pronunciados nas chuvas desta Região, com exceção do sul do Mato Grosso do Sul onde há tendência de chuvas acima da média e temperaturas mais elevadas.

Região Nordeste: secas de diversas intensidades no norte do Nordeste durante a estação chuvosa, de fevereiro a maio. No sul e oeste da Região as chuvas não são significativamente afetadas. Além do fenômeno El Niño, as secas nesta Região também são causadas por fenômenos oceânicos e atmosféricos como as condições de temperatura, pressão e ventos no Oceano Atlântico. A influência do El Niño é mais forte no norte do Nordeste, entre os estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte e norte da Bahia.

Região Norte: secas de moderadas a intensas no norte e leste da Amazônia. Aumento da probabilidade de incêndios florestais, principalmente em áreas degradadas Alterações no RS

O El Niño, historicamente, traz um profundo impacto para as condições do tempo e do clima no Rio Grande do Sul, conforme os dados estatísticos analisados pela Rede de Estações de Climatologia Urbana de São Leopoldo.

Em anos de El Niño, o volume de chuva tende a ficar acima ou muito acima da média aqui no estado, particularmente na região oeste e noroeste. Os volumes pluviométricos tendem a ser superiores a média em quase todos os meses do ano. Contudo, dois períodos são marcados historicamente por chuvas muito expressivas e cheias: a primavera no ano de começo do El Niño e os meses de abril, maio e junho no ano seguinte.

Foi justamente durante o El Niño de 1939/1941 que se produziu a grande enchente de 1941 em Porto Alegre. Nos meses de abril e maio daquele ano o volume pluviométrico superou os 1.000 milímetros em alguns pontos do território gaúcho. Porto Alegre registrou 791 milímetros de chuva acumulados em abril e maio de 1941. No intenso evento de 1982/1983 o sul do Brasil foi afetado por grandes enchentes que muitos prejuízos provocaram aos moradores do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. No outro forte episódio, de 1997/1998, novamente cheias castigaram os dois estados, porém com menor gravidade do que no evento do começo da década anterior.

Por sua vez, as temperaturas médias em anos de El Niño tendem a ficar mais elevadas, particularmente as médias mínimas. No verão se observa ainda uma maior tendência de enxurradas e temporais da tarde para a noite.




Fonte: Terra

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