O julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF) não surtiu efeito nas urnas porque o eleitor está mais preocupado com as questões que os prefeitos podem resolver. A opinião é do professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Francisco Fonseca, para quem o PT foi o grande vencedor desta eleição e o PSDB saiu menor do que entrou. "Não foi por falta de repercussão, mas isso (mensalão) não surtiu efeito porque os eleitores estão mais preocupados com os seus problemas", afirmou Fonseca em entrevista ao Terra TV.
"Se olharmos os números, vamos perceber que o PT sai vencedor. No primeiro turno, foi o partido que mais cresceu, enquanto o PSDB caiu e o PSD avança como uma terceira força", disse. Para Francisco Fonseca, outros motivos contribuíram para que o julgamento dos petistas envolvidos no mensalão não tivesse reflexo na eleição de São Paulo: "Em primeiro lugar, o eleitor está preocupado com as coisas próximas e isso não tem nada a ver com o que está acontecendo no STF. Em segundo lugar, a gestão atual do prefeito Gilberto Kassab é muito mal avaliada. Em terceiro, há políticas federais, como o Bolsa Família, que têm uma adesão muito grande em São Paulo", afirma.
Segundo o professor, a campanha "bastante raivosa" de José Serra (PSDB) também contribuiu para o sucesso de Fernando Haddad (PT), apontado como vencedor pela pesquisa boca de urna divulgada logo após o fechamento das urnas. Para Francisco Fonseca, Serra errou ao dar demasiada importância para questões como o chamado "kit gay". "Ele pagou o preço pessoal e do próprio partido, que não consegue se renovar, não tem um discurso de oposição coerente e está colocando nas campanhas eleitorais algo muito atrasado", diz.
Fonseca chama a atenção para as semelhanças entre a provável vitória de Haddad em São Paulo e a ascensão da presidente Dilma Rousseff em 2010. Assim como o ex-ministro da Educação, Dilma também nunca havia disputado uma eleição. "Isso mostra que o tino político do ex-presidente Lula funcionou", afirma.
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